No momento em que entramos em contagem decrescente para a grande festa dos 40 anos da BLITZ, na Meo Arena, em Lisboa, a 12 de dezembro – com concertos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –, pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que vão ao baú resgatar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos, também, uma mensagem para o futuro.

Miguel Ângelo tem como memória mais antiga da BLITZ o primeiro número, com Siouxsie Sioux na capa. “Já conhecera o ‘Musicalíssimo’, o ‘Música&Som’ ou o fanzine ‘Rock em Portugal’, mas o BLITZ era feito por uma geração apenas um pouco mais velha e muito mais próxima, esteticamente”, aponta.

A sua própria música ganharia destaque nas páginas do então jornal. “Os Delfins lançaram em 1984 o seu primeiro single, para a Fundação Atlântica, e demoraram uns quatro anos a chegar à sua primeira (de algumas) capas do BLITZ, por altura do segundo álbum, ‘U Outro Lado Existe’”, recorda. “Entre esses tempos e meados dos anos 90, até ao Grande Mainstream, o BLITZ sempre acompanhou bem de perto a carreira da banda”.
Não só, como contribuiu para a sua melomania. “O bom de ter sido um jornal semanal é que se mantinha na crista da onda: às terças havia críticas aos concertos do passado fim de semana e aos discos acabadinhos de sair”, lembra. “E se falarmos dos anos 80, que foi quando a indústria nacional começou finalmente a tentar acompanhar a atualidade internacional, em termos de estrutura editorial, estúdios, agências, managers e artistry, o BLITZ foi um belíssimo suporte mediático que caminhou lado a lado na construção dessa realidade, rumo ao que temos hoje”.
Para além de tudo isso, Miguel Ângelo refere os Prémios de Música, nos anos 90, como um dos maiores contributos da BLITZ para a música em Portugal. “Eram, na altura, um espaço de relativa liberdade em relação ao mercado e aos sponsors comerciais, e com uma boa exposição mediática. Continuo a sentir, hoje em dia, muita falta de um evento assim, que não seja tão dependente e generalista como os que existem atualmente”.
“Hoje toda a gente segue a BLITZ online e diariamente, tendo ganho a atualidade que perdera com a fase Revista”, nota. “Desejo que continue a acompanhar incansavelmente a atividade dos artistas e grupos mais relevantes, desde os mais jovens até aos mais idosos”.