
O alinhamento do álbum "Tordo com a Banda Sinfónica Portuguesa" "engloba canções compostas ao longo de 60 anos, muitas delas com textos de [José Carlos] Ary dos Santos", disse Fernando Tordo à agência Lusa.
As canções tiveram arranjos musicais de Lino Guerreiro e Valter Rolo, tendo sido o álbum gravado "ainda nos tempos do covid 19", acrescentou o músico.
Do álbum fazem parte, entre outras, 'Tourada' (Ary dos Santos/Fernando Tordo) com a qual venceu o Festival RTP da Canção, em 1973.
Fernando Tordo foi uma presença regular nos festivais da RTP, tendo participado em sete, vencido um a solo, em 1973, e outro, como parte do grupo Os Amigos, em 1977, com "Portugal no Coração" (Ary dos Santos/Tordo).
No alinhamento do novo álbum, José Carlos Ary dos Santos (1936-1984) é autor de oito letras, todas musicadas por Fernando Tordo, entre elas 'Cavalo à Solta', com a qual concorreu ao festival RTP em 1971, 'Estrela da Tarde', 'Novo Fado Alegre', 'O Amigo que eu Canto' e 'Se Digo Meu Amor'. Tordo começou a trabalhar com o poeta em 1968, tendo gravado cerca de 400 composições com letras suas.
As restantes canções do novo álbum são de autoria de Fernando Tordo, letra e música, nomeadamente "Adeus Tristeza", composta quando residiu nos Açores entre 1982 e 1986, 'Viva Brel', 'Coisas da Malta' e 'Só Ficou o Amor Por Ti'.
A BSF, que Tordo considera um "magnífico exemplo do desenvolvimento do ensino da música no nosso país", foi dirigida pelo maestro Francisco Ferreira.
A apresentação ao vivo do álbum, no próximo dia 29, no Coliseu Porto, coincide com a edição em CD, marcando o início das celebrações dos 60 anos de carreira do intérprete e do seu 77.º aniversário.
No concerto serão apresentados dois temas originais de um futuro grupo de quatro CD a publicar sob o título 'A Música nos Poetas Portugueses'. Neste caso, "os poetas musicados serão Fernando Pessoa e Eugénio de Andrade", adiantou o músico.
Questionado sobre o atual panorama musical em Portugal, Fernando Tordo disse à agência Lusa: "Sempre se fez muita música em Portugal, digamos que para todos os gostos. Atualmente há um aumento significativo de jovens interessados no ensino musical, mas em meu entender um decréscimo de criatividade que por certo se resolverá com o final de um ciclo menos bom à escala global".
Fernando Travassos Tordo, natural de Lisboa, fez parte do coro do Colégio Moderno, ainda menino. Aos 12 anos começou a aprender a tocar viola e a cantar música pop, nomeadamente, de Marini Marino, Cliff Richard e da sua banda The Shadows, além de The Beatles.
Em 1964 fez parte do grupo Os Deltons, com os quais iniciou a sua carreira profissional. Em 1966, substituiu Carlos Mendes n'Os Sheiks, como vocalista e assegurando a guitarra elétrica.
O seu primeiro álbum a solo, 'Tocata', data de 1972. Ao longo da carreira trabalhou com músicos como José Calvário, José Luís Gomes e François Rauber, pianista, compositor, regente e orquestrador que anteriormente colaborara com Jacques Brel.
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