Ângelo Rodrigues construiu uma carreira admirada por muitos, sendo frequentemente considerado um dos grandes talentos da sua geração. No entanto, pessoas próximas afirmam que ele sempre enfrentou dificuldades relacionadas a carências emocionais, que acabaram por deixar marcas profundas em sua vida.

No amor, o ator encontrou equilíbrio apenas durante o relacionamento com Iva Domingues, uma mulher mais velha que trouxe a segurança de que ele necessitava. Porém, após o término desse longo romance, Ângelo nunca mais conseguiu estabelecer um compromisso duradouro, vivendo apenas relações breves.

“Tinha uma família que era pouco afetuosa. Ou seja, sentia muito e expressava pouco (…) Essa falta de afeto, a mim, fez-me mossa”

O próprio ator atribui esse vazio emocional às experiências vividas na infância, período marcado por uma relação distante com os pais, sobretudo com o pai. “Tinha uma família que era pouco afetuosa. Ou seja, sentia muito e expressava pouco (…) Essa falta de afeto, a mim, fez-me mossa“, revelou em entrevista ao programa ‘Alta Definição’. Diferente de outros jovens que buscavam maneiras de extravasar, ele optou por se isolar. “Era como se eu fosse uma tartaruga que só punha a cabeça de fora para socializar, com uma carapaça impenetrável para o resto do mundo (…) Fui um adolescente um bocado solitário. Sentia muito as coisas e, ingenuamente ou não, achava que era diferente das outras pessoas“.

Durante a conversa, Ângelo também comentou sobre o relacionamento difícil com o pai, que não demonstrava afeto nem carinho. “Queria que eu fosse bom naquilo que fazia e me tornasse num adulto de que se orgulhasse, mas, por outro lado, fomentou sempre em mim a ideia de nunca estar pronto… de insatisfação, de ter de provar que sou bom“, desabafou. Segundo ele, essa mágoa o acompanhou por muito tempo. “Nunca tive um abraço do meu pai na minha vida”.

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Nos momentos finais do pai, o ator conseguiu expressar aquilo que sempre guardou. “Num dos momentos que estive sozinho com ele, e ele já não estava muito ciente das coisas que dizia, acho eu, perguntei-lhe: ‘Porquê que tu nunca me disseste que me amavas?’ Percebi a finitude daquele momento. Percebi que ia acabar e é nesses momentos que se deixa os orgulhos de lado e somos mais honestos.” Embora o pai não tenha respondido diretamente, Ângelo prosseguiu: “Eu disse: ‘Amo-te, e tu?’ e ele disse que sim. Deve ter sido a última palavra“.

Essa resposta, embora tardia, trouxe algum alívio para o ator, que passou boa parte da vida à espera de um gesto de amor ou de orgulho. “Não duvido que ele sentisse orgulho por mim, mas nunca conseguiu mostrar. E isso era que me rebentava por dentro. O facto de ele ter dito isso acaba por fechar um ciclo. Foi importante para mim enquanto adulto, ficou mais ou menos resolvido na minha cabeça“, concluiu.

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Texto: Redação VIP; Fotos: Impala