“Pai, porque é que as pessoas têm vergonha de chorar?”. Foi assim que Pedro Chagas Freitas iniciou mais um texto sobre o filho, o pequeno Benjamim, que está internado há mais de dois meses.

Depois de ter ficado completamente ‘arrasado’ com uma questão do menino de seis anos, que foi submetido a um transplante de fígado em junho, o escritor deu uma breve atualização. “No hospital, ainda mais do que na vida, somos todos segredos. Há um mundo visível, outro por ver, uma espécie de sub-realidade, que acaba por ser a que nos consome em surdina, em silêncio, como se não fosse — mas é”, começou por escrever.

A DOR DE UM PAI! PEDRO CHAGAS FREITAS: “PUDESSE EU DIZER QUE O MEU FILHO VAI FICAR BEM”

“A mente é tão cabra. Somos tão frágeis. A insatisfação é um bicho carnívoro. Come-nos por dentro, em silêncio. São tantos os que dão um sorriso no meio do lodo. Há sorrisos que salvam, mas também há sorrisos que matam. Porque escondem. Acabe-se com o tabu da lágrima, com a ditadura da felicidade. Somos também dor. Olhamos tanto, vemos tão pouco. Todos temos o direito a sofrer”, continuou. E ainda fez um pediu: Dêem-me a liberdade de sofrer, mas por favor nunca me deixem desistir de sair do sofrimento.”

“Apesar de todas as dúvidas que persistem, apesar de toda a ansiedade que não vai embora, apesar de todo o medo que encontrou em nós, ironicamente, um lugar seguro, o Benjamim teve um dia cheio de nada, que é o mesmo que dizer que teve um dia cheio de pândega. Venham mais assim, rematou.