Marco Paulo teve uma carreira com mais de 50 anos e foram muitas as histórias que viveu ao longo da sua vida. E quem sabe acompanhou o cantor durante muitos anos foi Mário Martins, produtor.

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“A voz dele era excecional, única”

Esta segunda-feira, 25 de novembro, Mário Martins, que foi um dos mais importantes produtores discográficos nas décadas de 70 de 80, esteve à conversa com Júlia Pinheiro no programa vespertino da SIC e acabou por falar sobre Marco paulo.

O produtor não esquece a primeira vez que ouviu o artista a cantar num programa de televisão de Cidália Meireles e que se destacou por ter uma boa voz e presença, contudo tinha ‘um defeito’. “Os artistas tinham ou não tinham talento, e a minha função era estar ali a ver o programa para ver se algum deles tinha possibilidades de vir a ser outra coisa. Nessa altura já trabalhava na Valentim de Carvalho. Apareceu um que tinha presença e tinha boa voz, só não tinha era boa cabeça. Estamos a falar do Marco Paulo“, afirmou.

A Júlia Pinheiro, Mário Martins deixou rasgados elogios ao cantor. “Tinha uma voz que nunca mais se esquecerá, porque era uma voz com harmónicos, que é uma coisa que é raro acontecer. Ele era naturalmente afinado e com um timbre que era único, como se viu. Qualquer canção na voz de Marco Paulo era uma canção de se tornar a ouvir. Naquela coisa, eram muitos, eu devo ter escolhido dois, três, sei lá, para umas provas seguintes. Ele passou essas provas, fez aquilo com uma perna às costas porque a voz dele era excecional, única”, destacou.

“Nunca explica porquê, não explica o critério, se é que tem algum”

O produtor contou, ainda, que teve de ‘obrigar’ Marco Paulo a cantar algumas das canções que viriam a ser dos seus maiores êxitos porque ele não queria. “Os maiores sucessos, os imortais, é o ‘Tenho Dois Amores’ e ‘Ninguém Ninguém’. Ele não queria cantar o ‘Dois Amores’ mas nunca explica porquê, não explica o critério, se é que tem algum. E não é a primeira, nem a segunda vez que recusa. Eu depois insistia com ele e ele acabava por aceder a cantar as minhas sugestões”, recordou.

Mário Martins contou ainda um episódio que viveu com Marco Paulo no México em que foram participar num festival e em que ouviram pela primeira vez a versão original de ‘Maravilhoso Coração’.

“O Marco Paulo nunca saía do quarto, estava sempre no quarto, a fazer caracóis e aquela coisa (…) Íamos naquele dia almoçar fora (…) e eu vou ao quarto do Marco Paulo, que estava sentado, com os caracóis, a ver um programa de televisão, mas a transmissão não estava em boas condições, e estava um grande cantor mexicano a cantar, e eu disse-lhe ‘É aquela canção que vais cantar no festival’, e ele disse ‘O quê, a canção daquele piroso?’. Mas cantou, que remédio. Cantou a canção e tornou-se um êxito aqui, como já se tornara lá”, recordou.

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Texto: Carolina Marques Dias Fotos: Impala e reprodução SIC