Marisa Cruz esteve no Alta Definição, da SIC, e relembrou a sua difícil infância, marcada pela fome e pela ausência do pai, cuja morte soube de forma dramática. “Soube da morte do meu pai durante uma discussão entre a minha mãe e o meu padrasto. Ele disse-me: ‘Estás aí a olhar o quê? O teu pai já morreu e nem sabes!’”, recordou a ex-manequim, que desatou a chorar e a fugir nesse preciso momento.

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A relação com o progenitor foi praticamente inexistente. A última vez que esteve com Manuel Evangelista estava ele detido. “Não sei porque estava preso nem nunca soube. Ele ofereceu-me um fio de ouro. É a única memória que tenho dele. As minhas tias dizem que ele fazia esquemas aqui e ali, mas sinceramente não sei”, partilhou com Daniel Oliveira.

A TV 7 Dias revela-lhe agora a incrível história de Manuel Evangelista, que foi, na realidade, um criminoso condenado pela Justiça, que esteve envolvido na rede bombista do pós-revolução de abril e que acabou por ser morto a tiro pela Polícia no Brasil. Falámos também com um dos dez irmãos (aqueles dos quais a nossa/sua revista tem conhecimento… podem haver mais) da atual concorrente do Hell’s Kitchen Famosos, que aponta o dedo à ex-manequim por esta não manter qualquer tipo de contacto consigo.

A história do pai de Marisa Cruz

Segundo a certidão de nascimento, à qual tivemos acesso, Marisa Cruz nasceu em Angola e é filha de Dulce da Cruz e de pai incógnito. Contudo, foi o avô materno, Hermínio Cruz, que, em tempos, nos confirmou a identidade do progenitor. Conhecido por Teddy Boy, o pai da concorrente do Hell’s Kitchen Famosos foi uma pessoa muito falada nos jornais, mas pelos piores motivos. Em 1982, quando Marisa tinha apenas oito anos, estava o seu pai preso no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, de onde fugiu, juntamente com outros reclusos, conforme se pode ler num artigo do jornal Expresso, datado de 18 de dezembro de 1993, onde eram abordadas as condições de vida nas prisões.

Nesta peça jornalística foi entrevistado o ex-recluso José Gualter da Silva, que se encontrava detido em Paços de Ferreira, na mesma altura em que o pai de Marisa, que fugiu da prisão juntamente com Didier Maxam e Raul da Glória, aproveitando o momento em que o guarda prisional do portão principal estava de serviço e desarmado, pode ler-se.

“Eles também me tinham convidado a fugir, mas eu estava à espera de sair em condicional, preferi não arriscar, feito palerma. Mais tarde, o Maxam contou-me por escrito como é que foi. O tipo tinha muito dinheiro. Começou por pagar umas férias em Paris, com direito a miúdas e tudo, a um dos educadores, o Maia. Quando este voltou, encantado, trouxe ao Maxam uns queijos e uns bolos mandados pela família. Dentro de cada um havia uma pistola, naturalmente. Para que nada falhasse, o Didier ofereceu um anel de diamantes, no valor de quase mil contos, ao Belchior, na altura subdiretor de Paços de Ferreira e hoje diretor do EPL de Santa Cruz do Bispo, além de umas centenas de contos ao chefe dos guardas”, revelou ao referido semanário.

Segundo Carlos Evangelista, filho do Teddy Boy e um dos irmãos de Marisa, o seu progenitor “era um bandido à moda antiga, era de honra. Havia linhas que não passava. Por exemplo, não se metia com raia miúda, não ia assaltar uma casa de uma idosa reformada, como hoje em dia fazem. Não, era de alto gabarito, eram coisas grandes. Não ia roubar uma carteira a uma reformada ou assaltar uma bomba de gasolina por causa de € 200, eram coisas mais sérias, mais complexas”. E nisso Carlos tem toda a razão.

“Baleado com cinco tiros na cabeça, no Rio de Janeiro”

Manuel Evangelista foi membro integrante da Rede Bombista, uma organização de extrema-direita que, entre 1975 e 1976, levou a cabo centenas de ataques, entre atentados, assaltos e incêndios, com o objetivo de combater a presença da esquerda no País. O seu nome é, inclusive, referenciado no livro Quando Portugal Ardeu – Histórias e Segredos da Violência Política no Pós-25 de Abril, de Miguel Carvalho. Nesta obra, fica-se a saber que Manuel Evangelista tinha uma relação com José Ribeiro da Silva, um elemento dos Comandos Operacionais de Defesa para a Civilização Ocidental, ligados à Frente Nacional de Libertação de Angola e ao CDS, e que chegou a participar em reuniões da Rede Bombista. “Aos fins de semana, na residência do conde Pedro de Magalhães, em Ponte de Lima, Ribeiro da Silva e Manuel Evangelista, o empregado de escritório que o transportara até ao Alto Minho, participam em reuniões conspirativas para decidir alvos, por vezes na presença de um padre da região”, pode ler-se.

Se alguma vez foi julgado por associação criminosa relacionada com grupos não sabemos. Sabemos apenas que Manuel Evangelista morreu em 1985, “baleado com cinco tiros na cabeça, no Rio de Janeiro”, segundo consta no mesmo artigo do Expresso, sendo que, de acordo com Aurora Correia, mãe de uma das irmãs da ex-manequim, os autores dos disparos foram a polícia.

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Texto: Carla Ventura (carla.ventura@impala.pt) Fotos: Redes sociais e Impala