Parece demasiado bom para ser verdade, mas aconteceu em Espanha. Joaquín García conseguiu a 'proeza' de faltar ao trabalho durante anos sem que ninguém se apercebesse. Recebia 37 mil euros de salário bruto anual sem fazer rigorosamente nada.

O caso insólito foi divulgado em 2016, mas recentemente foi partilhado nas redes sociais e deixou novamente os internautas boquiabertos. De acordo com o The Guardian, que cita o El Mundo, o homem, que na altura da notícia tinha 69 anos, começou a trabalhar para a Câmara Municipal na cidade de Cádiz em 1990 e em 1996 foi designado para a Aguas de Cádiz onde o seu trabalho era supervisionar uma estação de tratamento de águas residuais.

Em 2010, o funcionário público deveria receber uma medalha, mas o vice-presidente Jorge Blas Fernández, que o havia contratado, questionou onde estava Joaquín. "Ele ainda estava na folha de pagamento. Eu pensei: 'onde está esse homem? Ele ainda está lá? Ele reformou-se? Ele morreu?", disse a jornal espanhol.

Depois do gerente da Aguas de Cádiz ter dito que não via Joaquín há anos no local de trabalho, o vice-presidente chamou-o."Eu perguntei-lhe 'o que é que estás a fazer? O que fizeste ontem? E no mês anterior? Ele não conseguiu responder", contou.

Joaquín García acabou por ser multado em 27 mil euros, o equivalente após impostos a um ano do seu salário anual. Descobriu-se também que o homem não parecia ter ocupado o seu escritório por "pelo menos seis anos" e não tinha feito "absolutamente nenhum trabalho" entre 2007 e 2010, um ano antes de se reformar. Mas poderá mesmo ter estado sem fazer nada durante 14 anos. Já lá iremos.


A versão do funcionário


Segundo o que fontes próximas disseram ao El Mundo, Joaquín foi vítima de um caso de assédio moral e a Câmara Municipal decidiu "livrar-se dele" dando-lhe um cargo para uma estação de tratamento que estava em fase de construção e demoraria anos a ser concluída, pelo que "não havia nada para fazer".

O tempo em que o funcionário ficou sem cargo definido, segundo esta versão, não seria de seis anos, mas sim de 14 anos, entre 1996 e 2010. Durante três décadas, a Câmara Municipal terá pago mais de meio milhão de euros, em que Joaquín ocupou o seu escritório “não das 8h00 às 15h00, mas ia todos os dias”, dedicando-se sobretudo à leitura, tornando-se especialista no filósofo Spinoza.

As mesmas fontes esclarecem que denunciar a sua situação não era uma hipótese porque ele "tinha uma família para sustentar" e, na sua idade, “tinha medo de não encontrar outro emprego”. Joaquín terá mesmo consultado um psiquiatra por estar deprimido.

Resumo da história: a Câmara Municipal pagava um salário por não fazer nada. "Pensávamos que o gerente da Aguas de Cádiz supervisionava, mas não foi o caso. E descobrimos isso quando estávamos prestes a entregar ao funcionário uma placa pelos 20 anos de serviço", disse Jorge Blas Fernández.