Terminou de gravar a novela Senhora do Mar, SIC, no final de junho, e tem aproveitado para estar de férias com as sobrinhas ou com amigos. Sofia Ribeiro conta que estava a precisar desta pausa, ao fim de um ano de trabalho, principalmente com um papel muito exigente. “Foi um desafio enorme. Tenho tido a sorte de ter tido projetos muito felizes de fazer mas, sem dúvida alguma, que a Senhora do Mar está no meu coração para sempre, assim na cabeça da lista com outros, mas muito destacada. Foi um desafio e tanto”, começa por contar, a atriz, em exclusivo à TV 7 Dias, à margem da apresentação da nova temporada SIC.

Na trama assinada por Raquel Palermo e João Matos, a atriz dá vida a Joana, uma mulher que se vê obrigada a fugir do marido por sofrer de violência doméstica. Crime que a própria já revelou ter sofrido também na vida real, com vários episódios de agressões psicológicas, como ficar trancada numa casa de banho durante 10 horas, esperas, ter um localizador no telemóvel, perseguições. “Foi fácil deixar a Joana, apesar de ser maioritariamente muito duro vivê-la, sinto que estava a viver a vida da Joana, não a minha, ainda que tenha algumas coisas que tenha vivido que fizessem poder misturar-se. Felizmente não, sinto-me bem resolvida e foi tranquilo de dizer-lhe adeus e tenho muitas saudades dela. Vou vendo agora”, partilha.

Durante as gravações da novela e ainda hoje, Sofia Ribeiro recebe inúmeras mensagens de pessoas vítimas de violência doméstica. E houve uma que lhe tocou particularmente. “Estamos a falar de dar voz a muitas mulheres e também homens, mas sabemos que maioritariamente a mulheres, para um tema tão sério, como é a violência doméstica e que infelizmente não sai de moda. Ver tantas mulheres a escreverem-me a dizer que viveram o mesmo… Tenho o caso de uma rapariga que diz que ganhou coragem para sair de casa e que está hoje num abrigo, eu fico sem saber o que dizer. É muito gratificante. Se fez pensar uma pessoa que seja, já valeu a pena o nosso trabalho”, sublinha Sofia Ribeiro.

O final de Senhora do Mar ainda está longe, mas a TV 7 Dias sabe que o regresso de Manel (Afonso Pimentel), depois de uma onda de “revolta” do público à morte da personagem, trará o final que muitos telespectadores desejam: Joana e Manel ficam juntos. Revolta essa que fez com que os autores da novela “ressuscitassem” Manel e mudassem o final da trama, uma vez que Joana e o Padre Pinheiro (Albano Jerónimo) iriam apaixonar-se após a morte de Manel e acabariam juntos.

A atriz não quis revelar nada sobre o assunto, mas mostrou-se muito feliz com esta intervenção do público na história. “Acho incrível a onda que se fez à volta do Manel. Mandei foguetes, apanhei as canas porque é sinal que as pessoas de facto estão a vibrar. Eu sei como é que foi esse levantar das vozes, as minhas redes ficaram entupidas, as do Afonso Pimentel também, tanto quanto sei as da SIC também. E é muito bom ver a importância do público nos projetos, ver que toda a gente está atenta a isso. Deixa-me muito feliz e faz-me questionar se a máquina das audiências não estará avariada”, interroga-se, uma vez que a novela nunca liderou no seu horário. “Quando eu digo isso é porque o feedback que me chega, às vezes não coincide com os números. É tanto retorno que a Senhora do Mar é dos projetos em que as pessoas mais me abordam, idades transversais, estrato social, é muito abrangente”, afirma. Sobre o final, Sofia Ribeiro apenas diz: “As pessoas vão gostar do final. Eu fiquei muito feliz com o final.”

A contracena de Sofia Ribeiro e Afonso Pimentel foi muito elogiada pelos telespectadores e o amor das suas personagens fê-los ficar presos ao ecrã. A atriz explica de onde vem esta cumplicidade. “Nós já tínhamos contracenado há muitos muitos anos, trabalhado juntos, o Afonso foi a pessoa que filmou o meu vídeo quando eu rapei o cabelo, quando estive doente, nós já éramos amigos, não tão diariamente, mas de coração. Fazermos a novela, foi imediatamente fazer o processamento inverso”, conta, explicando de seguida que ambos tiverem de trabalhar a falta de cumplicidade. “Foi muito interessante e desafiante também. Duas pessoas que se dão bem, que interagem muito bem, riem e são amigos, depois começar do zero, duas pessoas que não se conhecem de lado nenhum”, finaliza.

Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com); Fotos: Divulgação SIC e Nuno Moreira