O cancro do endométrio tem deixado os especialistas em alerta devido ao "aumento preocupante" do número de mortes provocadas por este tumor ginecológico, que é mais comum em Portugal (e no mundo), explica, à SIC Notícias, a presidente da Associação MOG – Movimento Oncológico Ginecológico, Cláudia Fraga. Apesar de afetar, maioritariamente, mulheres com mais de 50 anos e no período pós-menopausa, é essencial (em qualquer idade) estar atenta aos sinais de alerta para um diagnóstico precoce.

Representa cerca de 6% dos cancros na mulher em Portugal e só no país são diagnosticados cerca de 1.200 casos por ano, dos quais 360 acabaram por ser fatais, sublinhou o Movimento Oncológico Ginecológico.

Principais fatores de risco e sintomas

O cancro de endométrio é o tumor maligno que afeta o tecido que reveste o interior do útero. Embora a idade seja um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença, as mulheres mais jovens também podem ser diagnosticadas, sendo essencial realizarem consultas médicas regulares e estarem atentas aos sinais do seu corpo.

A obesidade e a diabetes são outras das condições que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da doença, assim como o tratamento dos sintomas da menopausa e a síndrome do ovário poliquístico. Também fatores como a primeira menstruação precoce, menopausa tardia, tratamentos hormonais para o cancro da mama, nuliparidade* (nunca ter estado grávida) e a síndrome de Lynch, são muitas vezes são desvalorizados, mas são significativos no aumento do risco de desenvolvimento deste tumor.

*Como nunca ter estado grávida pode ser um fator de risco? "Alguns especialistas apontam a nuliparidade como fator de risco, uma vez que as mulheres que nunca estiveram grávidas, tiveram o endométrio exposto a mais ciclos menstruais e, portanto, a mais hormonas. Não sendo um dos fatores de risco primordiais, pode contribuir concomitantemente com outros", esclareceu a presidente da Associação MOG, Cláudia Fraga.

"Regista-se um incremento no número de diagnósticos, em resultado de estilos de vida pouco saudáveis que se traduzem em fatores como a obesidade (conversão da gordura em estrogénio), o tabagismo e o sedentarismo. Paralelamente, a falta de vigilância ginecológica regular atrasa o diagnóstico", explicou, à SIC Notícias, a presidente da Associação MOG , Cláudia Fraga.

44% das portuguesas dizem não ir regularmente ao ginecologista, segundo os dados de um estudo em que a MOG participou. "Não fazer ecografias, nem outros exames regulares é mesmo um dos aspetos mais críticos para um diagnóstico tardio", alertou Cláudia Fraga.

Volanthevist

O sintoma mais comum neste tipo de cancro é a hemorragia, o que "funciona como um alerta em mulheres que se encontram na menopausa", explicou a presidente da MOG. Para as que menstruam, o sangramento vaginal anormal e alterações no período menstrual podem ser indicadores importantes, além da dor pélvica, que também pode sinalizar a presença do cancro do endométrio.

Tratamento e processo de cura

O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, mas a presidente da MOG não esconde que o tratamento pode impactar a mulher tanto fisicamente quanto psicologicamente.

"Esta doença implica desafios acrescidos que muitas vezes impactam não só o quotidiano das doentes, mas também a sua autoestima, pelo que o apoio é determinante para o sucesso do tratamento", referiu Cláudia Fraga.

Para melhorar a jornada das doentes, podem ser adotadas estratégias como a utilização de materiais educativos, bem como a participação em grupos de apoio e associações dedicadas a pacientes, exemplificou o Movimento Oncológico Ginecológico.