Num comunicado emitido a propósito da onda de calor e dos incêndios, com o intuito de ajudar a prevenir complicações respiratórias, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lembra que a agudização de doenças respiratórias crónicas "é frequente neste período", aparecendo igualmente doenças agudas como as broncopneumonias.
Recorda também que no verão, principalmente nos dias de temperaturas muito elevadas, associada à poluição automóvel, é produzida "uma grande quantidade de ozono", que contribui para a descompensação das doenças respiratórias crónicas em ambientes urbanos.
“Consequências gravosas para a saúde das populações”
Nos meios rurais, com os incêndios, são libertadas "grandes quantidades de poluentes com repercussões importantes na qualidade do ar" e com "consequências gravosas" na saúde das populações expostas. Para ajudar a minimizar as consequências para a população que sofre de doenças crónicas, a SPP elenca 10 recomendações.
- 1. Proteja boca e nariz com máscara ou lenços húmidos.
- 2. Permaneça no interior das habitações, mantendo as portas, janelas e tampas de lareiras fechadas. Se necessário, tapar as frinchas existentes com panos molhados.
- 3. Utilize sistemas de purificação de ar, se os tiver. Se tem ar condicionado, deve acionar a opção de recirculação de ar (não utilize aparelhos elétricos se o incêndio é na sua habitação ou no seu prédio. Nesse caso, saia imediatamente da habitação).
- 4. Se precisar de ir para a rua, numa zona com fumo, utilize um pano molhado para tapar o nariz e a boca.
- 5. Se a temperatura estiver muito elevada dentro de casa e se não tiver ar condicionado, procure outro abrigo ou tente ser evacuado para uma zona com menos fumo.
- 6. Se permanecer em casa, não fume, não acenda velas nem qualquer aparelho que funcione a gás ou a lenha. Evite tudo o que puder aumentar a poluição dentro de casa.
- 7. Se tem de atravessar de carro uma zona com fumo, mantenha as janelas e os ventiladores fechados. Se o carro tiver ar condicionado, ligue-o em recirculação.
- 8. Perante uma atmosfera com fumo, respire devagar, controle-se e não entre em pânico.
- 9. Deve ter consigo a medicação de socorro (SOS) e usá-la, caso necessário. Se tiver ou mantiver as queixas, deve recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo.
- 10. As pessoas que sofrem de doença grave ou de outra situação que as debilite nas situações de calor, não devem colaborar no combate aos incêndios.
Para mais informações ligue para o SNS24: 808 24 24 24.
Em caso de emergência ligue o 112.
É um mito a ideia de que é bom ingerir leite em caso de intoxicação por fumo
A Direção-Geral da Saúde (DGS) também fez recomendações sobre o que fazer em situação de inalação de fumos dos incêndios, como retirar a pessoa do local e observar se apresenta queimaduras faciais e sinais de dificuldade respiratória, e recordando que é um mito a ideia de que é bom ingerir leite em caso de intoxicação por fumo."Não vem descrito em artigos científicos a sua utilidade. O leite não é um antídoto do monóxido de carbono", realça.
Mais de uma centena de concelhos sobretudo das regiões Norte e Centro mantêm-se em perigo máximo de incêndio devido ao tempo quente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Sete pessoas morreram desde domingo e 40 outras ficaram feridas na sequência dos incêndios que atingem as regiões norte e centro do país.
Situação de alerta decretada
Por causa do calor, o IPMA emitiu aviso amarelo para os distritos do Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga, pelo menos até às 18:00 de hoje.
O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, com sede em Aveiro e coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida.