
No mundo do motociclismo, a escolha da primeira moto é uma decisão crucial para os novos motociclistas. No entanto, algumas opções podem tornar-se rapidamente inadequadas à medida que as competências do condutor evoluem. Analisámos sete motos que, apesar das suas qualidades iniciais, poderão ficar aquém das expectativas num curto espaço de tempo.
Honda Rebel 300: Concebida para instrução, não para evolução
A Honda Rebel 300 existe essencialmente como ferramenta de formação. Com um motor monocilíndrico de 286cc refrigerado a líquido que produz potência e binário modestos, esta moto fica consideravelmente abaixo da potência habitual para o mercado ocidental. Embora consiga atingir velocidades superiores a 130 km/h, fá-lo com grande esforço, tornando ultrapassagens em autoestrada praticamente impossíveis.
A baixa altura do assento é apelativa para condutores de estatura mais reduzida, mas existem outras opções do tipo cruiser igualmente acessíveis e com maior longevidade de satisfação, como a Rebel 500.
Royal Enfield Meteor 350: Potência limitada para estradas modernas
Com um motor monocilíndrico de 349cc refrigerado a ar, a Meteor 350 revela-se inadequada para muitas situações de condução quotidiana. Uma moto com aproximadamente 190 kg dificilmente mantém velocidades de 105 km/h sem esforço significativo.
A sua aceleração lenta pode tornar-se um risco de segurança em certas vias, particularmente em estradas rápidas. A própria Royal Enfield oferece alternativas mais capazes na sua gama 650, como a INT 650 ou a Continental GT, que são igualmente adequadas para principiantes mas com maior margem de progressão.
Kawasaki KLX230: Dual Sport com limitações
As motos dual sport são excelentes para iniciantes que pretendem experimentar diferentes disciplinas de condução. No entanto, a KLX230 apresenta várias limitações, com o seu motor monocilíndrico de 233cc refrigerado a ar, enquanto pesa cerca de 132 kg.
Este défice de potência limita tanto a utilização em estrada como em todo-o-terreno. A KLX300 oferece uma experiência muito mais satisfatória e duradoura, tornando difícil justificar a escolha da versão mais pequena.
KTM Duke 250: Desnecessária quando existe… a Duke 390
A Duke 250 utiliza um motor monocilíndrico de 249cc – produz os valores mais elevados desta lista, mas ainda insuficientes para um motociclista com alguma experiência. No mercado ocidental, torna-a uma proposta pouco atrativa quando comparada com a Duke 390 ou mesmo com motos usadas da classe 400cc.
Este modelo parece ser uma tentativa da KTM de duplicar o seu sucesso no mercado indiano, onde é bastante popular, mas acaba por não fazer sentido no contexto europeu e norte-americano.
Projetos Inacabados: Uma armadilha para principiantes
Uma categoria inteira a evitar são as motos de projeto inacabadas. Muitos motociclistas iniciantes são atraídos por preços baixos e a promessa de uma restauração rápida, mas a realidade é frequentemente diferente. Se o projeto fosse simples, o proprietário anterior já o teria concluído e vendido por um valor superior.
Mesmo para quem tem competências mecânicas, estas motos continuarão provavelmente a apresentar problemas: carburadores a necessitar reconstrução, injetores entupidos, bombas de combustível avariadas ou problemas elétricos. Aprender a conduzir e aprender mecânica são duas atividades distintas, e a combinação de ambas pode levar à frustração.
Kawasaki Ninja 250R: A exceção que confirma a regra
A Ninja 250R representa uma abordagem diferente – uma moto que certamente ultrapassarás, mas com uma lógica financeira subjacente. Esta moto desportiva de entrada utiliza um motor bicilíndrico paralelo de 249cc, com uma velocidade máxima declarada de 177 km/h.
Com um assento baixo e um peso em ordem de marcha de aproximadamente 170 kg, é fácil de conduzir e inspira confiança. O seu principal atrativo é económico: mantêm o valor de revenda e são extremamente fiáveis, tornando-as num investimento sensato para o primeiro ano de condução.
Royal Enfield Himalayan 411: Insuficiente para o mercado ocidental
Apesar do apelo de uma moto de aventura simples e sem complicações tecnológicas, a Himalayan 411 original fica aquém em vários aspetos. O seu motor monocilíndrico de 410cc refrigerado a ar para mover uma máquina de aproximadamente 181 kg, resultando num desempenho medíocre, especialmente quando carregada com equipamento.
As motos de aventura devem ser versáteis em diferentes terrenos, desde estradas de terra a autoestradas, mas a Himalayan 411 só se destaca em metade destes cenários. O seu motor não inspira confiança a velocidades de autoestrada, e a roda dianteira de 21 polegadas, travões pouco potentes e ausência de ABS comutável comprometem a condução fora de estrada.
A própria Royal Enfield reconheceu estas limitações com o lançamento da nova Himalayan 450, uma opção muito mais convincente no crescente segmento de motos de aventura de entrada.
É importante salientar que conduzir qualquer moto é melhor do que não conduzir. No entanto, escolher a moto certa desde o início pode fazer a diferença entre desistir precocemente ou desenvolver uma paixão duradoura pelo motociclismo. A evolução é natural e esperada, mas o objetivo é encontrar uma moto que proporcione uma experiência de aprendizagem positiva e segura durante o tempo necessário para descobrir qual o tipo de condução que realmente te satisfaz.
Nota: De referir que nem todos os modelos poderão estar presentes no mercado português, sendo esta peça focada também no mercado internacional