O elefante-pigmeu-de-Bornéu, uma subespécie de elefante-aiático nativo da ilha de Bornéu, foi avaliado como ‘Ameaça de Extinção’, numa atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), lançada esta quinta-feira.

O elefante asiático está em risco de extinção depois de ter sido avaliado pela primeira vez como uma subespécie distinta na Lista Vermelha, que concluiu que existem cerca de 1.000 elefantes de Bornéu na natureza selvagem, um número que decresceu nos últimos 75 anos, em parte, devido à exploração de madeira nas florestas no nordeste da ilha, que destruiu a maioria do habitat destes animais.

Nos últimos anos, a expansão territorial do ser humano monopolizou os territórios até então dominados por esta subespécie, que cada vez mais tende a invadir os espaços ocupados pelo Homem à procura de alimentos. Muitas vezes, sofrem represálias em consequência da destruição das plantações.

A perda do seu habitat na agricultura, as plantações madeireiras, a extração de minerais e os projetos de infraestruturas são fatores que ameaçam o futuro desta espécie asiática. No entanto, as preocupações quanto ao futuro do Elefante de Bornéu não ficam por aqui: a caça ilegal de marfim, a ingestão acidental de agrotóxicos e as colisões com veículos também são apontadas como um fator de risco para a sua extinção.

De acordo com Augustine Tuga, diretor do Departamento de Vida Selvagem de Sabá e membro do Grupo de Especialistas em Elefantes Asiáticos da UICN CES, em comunicado, “as últimas duas décadas viram grandes esforços tanto para entender como conservar os elefantes de Bornéu. Essas atividades são vitais para garantir um futuro para esta subespécie e permitir um desenvolvimento socioeconómico suave das áreas onde os elefantes estão".

Cobras invasoras colocam populações de lagartos-gigantes em risco de extinção nas Canárias e em Ibiza

A Lista Vermelha da UICN inclui neste momento 163.040 espécies, das quais 45.321 estão sob ameaça de extinção, valores que ultrapassaram o limite do Barómetro da Vida, de 160 mil espécies.

A atualização lançada esta quinta-feira revelou também que vários répteis endémicos - que possuem uma área de distribuição restrita em estado selvagem - estão em risco de extinção devido à ocupação de cobras invasoras nas ilhas Canárias e Ibiza; e que as alterações climáticas representam uma forte ameaça aos catos no Chile.

Em Gran Canária, uma das ilhas do arquipélago das Canárias, o lagarto-gigante Gallotia stehlini passou de uma avaliação de ‘Menos Preocupante’ para 'Criticamente Ameaçado´ e o lagarto Chalcides sexlineatus passou de 'Menos Preocupante' para 'Ameaçado': ambas as espécies altamente ameaçadas pela cobra-rei da Califórnia, a Lampropeltis californiae, um predador introduzido na ilha em 1998. Na última década, as populações do lagarto-gigante de Gran Canária e do lagarto-de-grana diminuíram em mais de 50%. No entanto, as ações de conservação levadas a cabo pela Lista Vermelha da UICN também permitiram que outras famílias de lagartos-gigantes deixassem de estar sob alerta. As populações de lagarto-gigante La Gomera, por exemplo, continuaram a crescer, mesmo estando sob ameaças contínuas.

Os programas de reprodução e reintrodução em cativeiro ditaram que esta espécie melhorasse a sua avaliação e fosse de 'Criticamente Ameaçada' para 'Ameaça de Extinção', depois de ter estado quase em vias de extinção devido à perseguição de gatos selvagens e ao deslizamento de terras, que se prevê serem cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas.

Em Ibiza, o lagarto-da-parede (Podarcis pityusensis) passou de 'Quase Ameaçado' para 'Ameaçado', tendo a sua população ficado reduzida a metade desde 2010, mais uma vez, um resultado influenciado por cobras invasoras, neste aso, pela cobra chicote (Hemorrhois hippocrepis).

Catos de copiapó em risco de extinção no Chile

No Chile, os catos de copiapó também estão em "xeque". De acordo com a Lista Vermelha, 82% desta espécie está em risco de extinção, valor que vai contrasta com a percentagem de 55%, em 2013.

O comércio ilegal, facilitado pelas redes sociais e pelo desenvolvimento de estradas e moradias levou a que mais pessoas se interessassem por esta espécie ornamental, o que consequentemente se traduziu na destruição do seu habitat desértico.

Endémica do deserto costeiro do Atacama, a "moda" dos catos de copiapó, está a levar a que a Europa e Ásia procurem incessantemente esta espécie, que atualmente está cada vez mais acessível aos caçadores ilegais.

Ainda que a influência humana condicione a existência desta espécie, a Lista Vermelha atribui igualmente a culpa desta possível extinção às alterações climáticas, dado que a névoa oceânica que esta espécie precisa para a sua hidratação se move com as mudanças de temperatura global, o que se revela um problema significativo na medida em que estes catos, uma espécie de vida longa não se conseguem reproduzir com uma velocidade razoável para se realocarem.

De acordo com Pablo Guerrero, membro do Grupo de Especialistas em Cactos e Plantas Suculentas da UICN CSS. ""É fácil distinguir se os catos de copiapó foram caçados ou cultivados em estufa", afirma, acrescentando que "a copiapó escalfada tem um tom cinza e é revestida por uma flor empoeirada que protege as plantas em um dos desertos mais secos da Terra, enquanto as plantas cultivadas parecem mais verdes."

A colaboração entre países é fulcral para evitar que estas e outras plantas sejam caçadas e levadas ilegalmente para outros lugares. O que muitos não sabem é que a produção artificial deste cato tem o potencial de fornecer uma alternativa sustentável para abastecer catos para o mercado mundial.

Artigo de Ana Raquel Pinto, editado por João Miguel Salvador