De modo a alertar para a relevância de um diagnóstico precoce, com o intuito de mitigar a progressão da doença, a Gedeon Richter Portugal, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e com a Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo) elaborou um estudo em formato de questionário. O alvo foram 883 mulheres portuguesas que sofrem de endometriose, entre os 31 e os 45 anos, e pretendia-se perceber a dimensão desta doença a nível nacional.
Susana Fonseca, presidente da MulherEndo, afirma que “de forma global, os resultados vão ao encontro daquilo que percebemos no nosso dia a dia, portanto, temos ainda mulheres com muita sintomatologia e com um tempo médio de diagnóstico de 8 anos”. “O estudo veio confirmar o que os outros estudos internacionais já nos indicavam e também a realidade que experienciamos diariamente”.
No que diz respeito a avanços que têm vindo a ser desenvolvidos na área da endometriose, Susana Fonseca refere que “é essencial” continuar este caminho, uma vez que esta doença “é muito enigmática e é necessário ainda descobrir muito sobre ela, nomeadamente formas de tratamento mais eficazes para os sintomas que são tão vastos”.
Fátima Faustino, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), salienta que “a endometriose é uma doença complexa, heterogénea e que nos põe, de facto, desafios diários”. “É uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil e que tem uma grande repercussão na sua qualidade vida. É uma doença heterogénea porque não há casos clínicos iguais, existem variantes inerentes à própria doente e mesmo à doença em si. De facto, o desafio é diário em relação não só à clínica, como ao diagnóstico e também ao tratamento”.
A especialista explica que o “atraso no diagnóstico é uma das condições que mais preocupa”. “Nos últimos anos e com a divulgação que tem existido da doença, tem havido uma melhoria no tempo de diagnóstico, uma vez que as mulheres já recorrem aos centros mais diferenciados na área do tratamento da endometriose e estão mais despertas para a própria sintomatologia e não param de procurar uma solução para o seu problema”.
Entre as principais conclusões do estudo foi possível perceber que a idade média do aparecimento dos primeiros sintomas foi aos 20 anos, e que os primeiros sintomas na maioria dos casos são dismenorreia intensa e dor pélvica não menstrual.
Em média, cada mulher consultou três profissionais de saúde antes do diagnóstico, e 36,5% consultou cinco ou mais profissionais de saúde. 80,4% das mulheres com endometriose refere que pelo menos um médico lhe disse que as suas queixas eram normais, 77,7% das mulheres que tentaram engravidar tiveram dificuldades e 51,4% destas recorreram a tratamentos para conseguir engravidar.
Além disso, a maioria das mulheres confessa já ter sido submetida a uma cirurgia devido à endometriose (59,1%).
CG
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