Convidada pela tecnológica norte-americana Hologic para coordenar o Grupo de Trabalho “A Saúde das Mulheres em Portugal”, Maria de Belém, conjuntamente com diversas sociedades científicas da área da Saúde, produziu um relatório onde foram identificados sinais de alerta de muitas doenças, nomeadamente daquelas que mais matam, com base nos dos homens.
De acordo com Maria de Belém “existe uma perspetiva masculina no modelo médico para o ensino, para os ensaios clínicos e para os vários domínios da investigação, que não leva em conta as diferenças biológicas das mulheres, que veem a sua participação e inclusão nestas questões muito reduzida”.
A ex-ministra da Saúde afirma que “os problemas que afetam mais as mulheres, como as doenças autoimunes e as cefaleias, são responsáveis por uma diminuição brutal da produtividade, para além do sofrimento que causam”, acrescentando que, como se fala, muitas vezes, de “doenças que não são visíveis – uma mulher queixa-se que lhe dói imenso a cabeça, mas ninguém consegue ver essa dor –, infelizmente não é incomum pensar-se que essa dor se trata de uma invenção ou de um motivo para faltar ao trabalho”.
Segundo o relatório Closing the Women’s Health Gap: A $1 Trillion Opportunity to Improve Lives and Economies, do Instituto de Saúde McKinsey, a resolução de questões sobre a saúde da mulher pode fazer com que a economia global cresça o equivalente a um trilião de dólares todos os anos, até 2040.
Nesse âmbito, Maria de Belém reflete sobre a importância de se abordar “as questões relacionadas com a saúde da mulher tendo noção da sua verdadeira dimensão, sem o discurso facilitista do antigamente, o ‘lá estão elas a queixar-se, sem razão nenhuma para isso’. Não é verdade. As mulheres têm razão para isso, e é por esse motivo, representando elas metade da Humanidade, que quem tem perdido é a sociedade no seu conjunto”.
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