O aumento da população mundial e os impactos das alterações climáticas têm vindo a evidenciar a discrepância entre quantidade de alimentos produzidos e bocas para alimentar, levando a agricultura à linha da frente na luta pela sustentabilidade e autossuficiência alimentar. Para que os agricultores possam “fazer mais com menos” é preciso assegurar um “reforço de rendimento” e aligeirar o peso da burocracia, defendeu José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pesca.
A revisão do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) está entre as medidas de ação do Governo e já prevê alterar “o rendimento médio por hectare de €80 para €126”, além da aprovação recente de mais €60 milhões por ano até 2029 para aumentar os rendimentos dos agricultores.
“Queremos que todos os fundos ajudem a agricultura”, disse, alertando que a verba da Política Agrícola Comum (PAC), por si só, “não pode fazer tudo”. Quanto aos objetivos climáticos, é preciso envolver os profissionais do sector nesse caminho para que se alcancem o mais rápido possível, mas de forma exequível.
“O agricultor não pode ser sobrecarregado com burocracia e não se pode pedir-lhe que faça o que não tem financiamento para fazer”, alertou o ministro, referindo que nos últimos 10 anos o défice agroalimentar em Portugal triplicou dos €1100 milhões para os €3300 milhões: “há que ter consciência que isso prejudica a nossa segurança alimentar”.
Para Firmino Cordeiro, diretor-geral da AJAP, a evolução para uma agricultura “cada vez mais verde e limpa” é um tema para o qual os profissionais do sector estão sensibilizados, mas não é possível fazê-lo “em demasia” sob pena de se “atropelarem”. As novas exigências também implicam formação específica e aposta, por exemplo, na agricultura de precisão. “Precisamos de ensinar os nossos agricultores para que percebam que é possível produzir mais com menos”.
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