Nasceu em 1976, em Lisboa. Cresceu no Restelo e estudou num Colégio de Freiras. Viveu uma infância “protegida de tudo”, com uma educação “profundamente machista”. “Havia uma diferença entre mim e o meu irmão mais novo. Uma mulher 'não se comporta de tal maneira, não pode sair'”, recorda.
Apaixonou-se pela representação no cinema que o pai tinha em Lisboa, mas os pais nunca acharam muita graça - “preocupavam com o futuro da filha e ser atriz não era nada”, recorda. Impediram-na de entrar no conservatório e por isso foi estudar Psicologia.
Mas aos 26 anos - ainda a viver na casa dos pais - passou dias num bordel para se preparar para uma personagem de um filme do João Canijo. “Não sabia nada da vida. Ensinaram-me todos os truques para evitar beber, mas eu não conseguia. Estava a beber champanhe como se não houvesse amanhã”, conta.
Não aguentou mais de três dias, foi embora depois de uma conversa com um cliente, empresário, que lhe ofereceu um cheque com dinheiro. “Disse-me que era dinheiro para refazer a minha vida. Eu fazia-o lembrar-se da filha”, lembra.
“Sempre fiz papéis de mulheres dramáticas”, admite. A entrega e a dedicação às personagens faz com que seja uma das atrizes mais requisitadas do cinema português. Já engordou 25kg para um filme e viveu meses no Bairro Padre Cruz, numa casa em que os vizinhos atiravam as fezes pelo muro do quintal.
Anabela Moreira é a convidada de Bernardo Ferrão do episódio especial do Geração 70, gravado no Tribeca Festival Lisboa.
Geração 70 não é um podcast de política ou de economia, nem de artes ou ciência. É uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam. Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão