A ideia de que as mulheres não conseguem trabalhar juntas porque se atacam umas às outras é insultuosa, disse a atriz Jean Smart numa conferência de imprensa em Los Angeles sobre a quarta temporada da série "Hacks", cuja nova temporada estreia esta sexta (11).

“Sempre achei insultuoso as pessoas terem esta ideia de que as mulheres não se dão bem e os homens sim”, afirmou a atriz, de 72 anos. “Quando estava a fazer a série 'Designing Women', nos anos oitenta, essa era uma pergunta constante, porque se tratava de quatro mulheres em estúdio”, revela.

"Eu respondia: 'vocês perguntam isso ao elenco de 'Barney Miller'?' Acho isto muito bizarro", conta a atriz.

Jean Smart falou desta ideia, que considera estranha, porque o regresso da série de comédia “Hacks”, cuja quarta temporada estreia esta sexta-feira (11), e fica disponível na Max Portugal, vai mostrar um embate feroz entre a personagem Deborah Vance e a argumentista Ava Daniels (interpretada por Hannah Einbinder).

“Ainda me surpreende que consigam encontrar formas de manter esta dinâmica a evoluir, porque acho que é esta relação que diverte a audiência”, explicou Jean Smart. “Está cada vez melhor. E mais maldoso e desagradável”, gracejou.

A cocriadora Lucia Aniello disse que mostrar as duas personagens no ambiente de um escritório foi um desafio “fresco e divertido”, onde podiam pô-las a discutir sobre a máquina do café e em colisão com os recursos humanos. É um cenário que quase toda a gente conhece mas não associa a comediantes.

“Sentimos que era uma boa adição em cima de terem de montar um programa do zero”, referiu Aniello. “E claro, lidar com o descalabro da chantagem”.

Esta reviravolta que acontece no final da terceira temporada, quando Ava chantageia Deborah, mosta um novo lado em que ela que se viu forçada a usar os mesmos métodos implacáveis, considerou Hannah Einbinder. “Tem sido muito bom jogar como adversárias”, disse a atriz.

O ator e cocriador Paul W. Downs, que dá vida a Jimmy na série, falou da grande mudança na temporada: Deborah Vance finalmente consegue o seu próprio ‘talk show’, sonho que tinha há décadas.

“Sempre soubemos que queríamos que a Deborah conseguisse o que queria”, afirmou. “Mas esta é uma série sobre os momentos atrás da cortina, por isso há o drama e a comédia que acontece nos bastidores dos programas de final da noite”.

“As pessoas mais velhas são engraçadas e sexy e todas as coisas”

Downs também falou de como o entretenimento está saturado de heróis com o mesmo perfil, o homem branco heterossexual, e os criadores queriam que isto fosse diferente. As protagonistas são uma mulher de 72 anos e uma jovem argumentista lésbica que se envolve em cenas escaldantes.

“Sinto que é um exercício de empatia poder ver personagens que são diferentes de nós”, disse Downs. “Muitas destas histórias foram deixadas de lado. As mulheres comediantes não tiveram as mesmas oportunidades e elogios dos homólogos masculinos”, salientou.

Jean Smart disse não querer ser vista como aquela que carrega a bandeira das mulheres atrizes de terceira idade. “Mas é bom poder interpretar alguém que tem as mesmas esperanças, sonhos e desejos de quem tem 30 anos”, afirmou, lembrando que é algo que se vê pouco em televisão.

Lucia Aniello anuiu: “As pessoas mais velhas são engraçadas e sexy e todas as coisas, e penso que a Jean contribuiu para um novo enquadramento desta narrativa”.

Desta vez com dez episódios, que estreiam semanalmente no serviço de streaming Max, a temporada 4 é a última oportunidade de ver a grande mansão de Deborah Vance em Altadena: o edifício ardeu nos incêndios destrutivos de Los Angeles em janeiro e, além da fachada, não resta muito dele.

“Hacks” é uma das séries de comédia de maior sucesso da HBO, tendo vencido várias estatuetas na temporada de prémios de 2025.