À medida que a idade avança, muitas pessoas sentem-se sozinhas, mais isoladas e com menos oportunidades para viajar. No entanto, os seniores de hoje em dia são cada vez mais ativos, mais curiosos, aventureiros e dispostos a explorar o mundo. No meu entender, esta faixa etária difere dos outros turistas não só pela disponibilidade de tempo, mas também pela sua capacidade financeira. Muitos são reformados, têm poder de compra e procuram novos destinos, conhecimento e experiências autênticas, mas a falta de companhia ou de confiança para viajar sozinhos, por questões de segurança, são algumas das barreiras que encontram. Adicionalmente, a maioria valoriza o contacto humano e a inclusão social, aspetos que os portugueses, com a sua vasta tradição de acolhimento caloroso, podem oferecer.
Os seniores são, em muitos mercados, bastante relevantes em termos de fluxos turísticos e Portugal, reconhecido pela sua hospitalidade e qualidade de vida, está estrategicamente posicionado para capitalizar esta tendência. As paisagens e o clima ameno, enriquecido por uma diáspora espalhada um pouco por todo mundo e, portanto, de forte herança histórica e cultural, faz que o potencial para atrair este segmento seja imenso.
A chamada "silver economy", ou seja, o sistema de bens e serviços que visa dar uso ao potencial de compra de pessoas idosas e satisfazer as suas necessidades de consumo, vida e saúde, contribui significativamente para a economia, mas também oferece oportunidades únicas para um desenvolvimento turístico sustentável e inclusivo do setor.
Posto isto, e no contexto português atual, o turismo sénior surge como um dos setores mais promissores e dinamizadores da economia. Contudo, para maximizar este potencial, é fundamental que o país adapte a sua oferta turística, com a criação de infraestruturas acessíveis e seguras, mas também com atividades recreativas, programas sociais e de intercâmbio cultural, que beneficiem tanto os turistas seniores quanto os residentes.
Ao contrário da conceção comum, os seniores de hoje em dia são bem capazes de se adaptar às novas tecnologias, portanto plataformas que promovam este tipo de turismo são vitais para que mais pessoas desta faixa etária descubram as maravilhas de Portugal, fortalecendo simultaneamente a economia local. Isto inclui programas de turismo na área da saúde e bem-estar, e visitas culturais guiadas e experiências gastronómicas são áreas onde Portugal pode, de facto, destacar-se.
No que diz respeito ao contexto global, a tendência permanece a mesma. Segundo a European Travel Commission, os seniores representam cerca de 25% de todas as viagens internacionais e são responsáveis por 35% das despesas de turismo, com tendência a aumentar. Com o número de pessoas com mais de 60 anos destinado a duplicar para mais de 2 mil milhões até 2050, a Organização Mundial do Turismo prevê um aumento significativo da procura de serviços e experiências turísticas adaptadas às suas necessidades e preferências.
Assim, conclui-se que o impacto económico do turismo sénior será considerável e, em Portugal, este grupo tem mostrado ser especialmente importante para o turismo fora das épocas altas, contribuindo para a sustentabilidade económica do setor ao longo do ano. Aqui, a promoção do turismo sénior também pode beneficiar a comunidade local, pois esta faixa etária tem preferência por estadias mais longas e o seu interesse em explorar destinos menos conhecidos ajudam a promover, de forma mais equitativa, a sustentabilidade económica ao longo do ano. Além disso, a interação entre diferentes gerações promove a compreensão mútua e o respeito, contribuindo para uma sociedade mais coesa e inclusiva.
Com uma abordagem estratégica e inclusiva, é possível transformar o país num destino de eleição para estes turistas, garantindo benefícios económicos e sociais duradouros. Em conclusão, e de forma a investir num futuro onde todas as gerações possam desfrutar das riquezas deste país, e da sua cultura, deve-se promover um turismo acessível, enriquecedor e sustentável. E o turismo sénior representa uma oportunidade que Portugal simplesmente não pode deixar escapar.
Fundador e CEO do Freebird Club