Em Lisboa, existem mais de 800 mil árvores, tanto autóctones como exóticas, pertencentes a mais de 100 espécies diferentes. Além disso, a cidade possui centenas de espécies de arbustos e herbáceas. Note-se que estes números são apenas estimados, uma vez que é difícil ter um número exato de todas as árvores na cidade. No entanto, embora possa estar subavaliado este número demonstra a importância da arborização urbana na cidade.
Os benefícios que todos podemos obter das árvores em Lisboa são de vários tipos:
1. As árvores absorvem gases poluentes, CO2 e libertam oxigénio, o que contribui para a melhoria da qualidade geral do ar de Lisboa.
2. As copas das árvores ajudam a absorver o ruído, o que contribui para a redução da poluição sonora da cidade especialmente nas habitações que se encontram junto às vias estruturantes da cidade.
3. As árvores ajudam a regular a temperatura da cidade, proporcionando sombra no verão (o que pode ser vital num contexto de "ondas de calor" cada vez mais frequentes e intensas) e protegem igualmente do frio no inverno.
4. As árvores atraem diversos animais, nomeadamente pássaros e insetos, o que contribui para o aumento da biodiversidade de Lisboa.
5. Por fim, mas não menos importante, as árvores proporcionam um ambiente mais agradável e saudável para os cidadãos, o que contribui para a melhoria da qualidade de vida geral na cidade.
É importante desenvolver ações para promover a arborização urbana na cidade, tais como o plantio de novas árvores, a poda e a manutenção das árvores existentes e a sensibilização da população para a importância da arborização urbana.
Na maioria das vezes, as pessoas não consideram Lisboa como uma floresta. Contudo, há mais árvores do que lisboetas. Em 2023, a população residente em Lisboa era de 545.245 pessoas. Ou seja, 1.4 árvores para cada habitante de Lisboa. Esta situação não é única em Lisboa (ocorre, por exemplo, também em Londres onde investigadores do University College London concluíram que esta "selva urbana" armazena tanto carbono por hectare quanto as florestas tropicais). O mesmo, provavelmente, ocorrerá em Lisboa. É preciso, contudo, ter em conta que Lisboa só consegue este número graças às 250 mil árvores de Monsanto. Sem este "pulmão verdade" teríamos, praticamente, a paridade entre habitantes e árvores urbanas.
Podemos especular a quantidade de carbono que as árvores de Lisboa retiram da atmosfera mas para fazer uma avaliação mais aproximada é preciso ter em conta vários factos: desde a dimensão de cada árvore, a sua longevidade e um mapeamento preciso de cada árvore da cidade. Isso só pode ser feito da mesma forma que foi implementado em Londres e que passou pelo mapeamento terrestre e aéreo através do sistema LIDAR (Light Detection And Ranging).
Este sistema usa pulsos de laser para mapear e medir objetos e superfícies à distância, com aplicações em topografia, navegação autónoma, arqueologia, monitoramento ambiental, meteorologia e muito mais e quando montado num tripé numa rua da cidade, cria uma imagem 3D milimetricamente precisa de tudo o que "vê", incluindo árvores. Com esses dados é possível estimar a biomassa e, consequentemente, o carbono capturado, rua a rua.
A investigação de Londres concluiu, por exemplo, que o bairro de Camden tinha uma densidade média de carbono de cerca de 50 toneladas por hectare (t/ha), chegando a 380 t/ha em locais como Hampstead Heath e Highgate Cemetery e daí a conclusão que esta densidade era idêntica aos valores que são associados a florestas tropicais e temperadas. Sem realizar um estudo LIDAR idêntico em Lisboa podemos apenas especular que a nossa cidade tenha valores semelhantes.
Propostas à Câmara Municipal de Lisboa para valorizar e gerir as árvores urbanas da capital:
1. Implementar técnicas avançadas de medição de biomassa, como a tecnologia LIDAR, para estimar com maior precisão a quantidade de carbono armazenado nas árvores urbanas. Isto permitirá uma avaliação mais precisa do valor das árvores e dos benefícios ambientais que proporcionam às cidades.
2. Desenvolver fórmulas específicas para calcular a relação entre o tamanho e a massa das árvores urbanas aplicadas ao caso concreto de Lisboa, levando em consideração as diferenças ambientais entre áreas urbanas e não urbanas. Isso ajudará a quantificar com mais precisão o carbono armazenado nas árvores e a valorizar melhor esses recursos naturais.
3. Promover a criação de inventários detalhados de árvores em áreas urbanas, utilizando dados de LIDAR e outras tecnologias de sensoriamento remoto e corrigir assim os lapsos e lacunas que atualmente podem ser constatados na plataforma de Dados Abertos da CML. Estes inventários fornecerão informações valiosas sobre a distribuição e o estado das árvores urbanas, facilitando a sua gestão e conservação.
4. Sensibilizar a população sobre a importância das árvores urbanas para a saúde e o bem-estar das pessoas, bem como para o meio ambiente como um todo. Isso pode ser feito através de campanhas de educação ambiental e atividades de engajamento comunitário que destaquem os benefícios das árvores e incentivem a sua proteção, que podem passar pela "adoção" de árvores e da realização de atividades escolares frequentes.
5. Investir na manutenção e preservação das árvores urbanas, garantindo que recebam os cuidados necessários para se manterem saudáveis e resilientes. Isso inclui a poda regular, o controle de pragas e doenças, e a proteção contra danos causados por atividades humanas. A este respeito o retorno a uma responsabilidade centralizada e dotada dos adequados meios técnicos e humanos deve ser ponderado.
6. Valorizar e proteger as árvores urbanas é fundamental para criar cidades mais sustentáveis e habitáveis. Ao adotar medidas concretas para avaliar, conservar e promover o papel das árvores nas áreas urbanas, podemos melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas e a saúde dos ecossistemas urbanos.
Em síntese, a implementação de técnicas avançadas de medição, a promoção de inventários detalhados, a sensibilização da população e o investimento na manutenção são passos cruciais para garantir que as árvores urbanas continuem a fornecer todos os seus múltiplos benefícios. Ao adotar medidas concretas para avaliar, conservar e promover o papel das árvores nas áreas urbanas, podemos contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a saúde dos ecossistemas urbanos, construindo uma cidade mais sustentável e habitável para as gerações presentes e futuras.