O que o Santo Padre ambiciona e tenta promover é que tenhamos no mundo uma economia socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável e eticamente responsável.
Estes princípios serão seguramente transversais a toda a sociedade mundial, uns mais do que outros, estarão inclusive dispostos a ceder em algumas matérias para que isto se concretize. Não é preciso ser-se católico para ver, e desejar, que a economia mundial tem que mudar. Atualmente 1% da população mundial detém mais riqueza que os restantes 99%.
Diz-nos o governo português, no site do Orçamento de Estado (Orçamento do Estado 2023 | OE2023) que: "O Orçamento do Estado para 2023 é assim de estabilidade, confiança e compromisso: estabilidade porque prepara a economia para responder à alta da inflação; confiança porque olha para a incerteza do futuro sabendo que investiu bem no presente; e compromisso porque traduz escolhas ponderadas que acautelam o necessário equilíbrio intergeracional."
Curiosamente se ouvirmos todos os partidos com assento parlamentar, e outros que não o têm, é unânime que é um mau orçamento.
Não irei entrar em detalhes nem para um lado, nem para o outro, mas apenas focar-me naquilo que todos queremos: uma economia socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável e eticamente responsável, tal como refere o Papa Francisco. Então se todos queremos o mesmo qual o motivo para não chegamos a um consenso? É simples…vivemos numa sociedade hipócrita, falsa, egocêntrica e intelectualmente desonesta.
A velha máxima do "faz o que eu digo não faças o que eu faço" aplica-se aqui como uma luva. Está na hora de colocar o dedo na ferida e assumirmos todos que a nossa sociedade está podre. Enquanto houver uma maçã podre no cesto, todas as outras irão apodrecer. Convido-vos a ler este meu texto de 2019 ((8) O CESTINHO DAS MAÇÃS | LinkedIn) onde escrevi aquilo que defendo e acredito: “A Fé leva-me a acreditar que nós não somos como a natureza, implacáveis!” mas para isso convém que escutemos, aprendamos e tentemos aplicar aquilo que o Papa Francisco refere. Existem várias ações de formação, cursos, seminários, nacionais e internacionais sobre esta matéria da economia de Francisco, mas de que vale frequentarmos se depois não conseguimos (ou não queremos) aplicar?
Se cada um de nós, estudantes, empresários, trabalhadores por conta própria, trabalhadores por conta de outrem, funcionários públicos e acima de tudo políticos e governantes quisermos temos capacidade para mudar o mundo. Qual é então o desafio? Meter “mãos à obra” e fazer acontecer! Se enquanto sociedade pensarmos no bem comum e colocarmos o interesse coletivo à frente do interesse individual as coisas irão tomar outro rumo. E não serve de desculpa dizer…eu sozinho não consigo, pois se todos “sozinhos” fizermos, seremos milhões a fazer e já não estamos sozinhos e transformaremos a sociedade em algo mais justo, economicamente mais viável, ambientalmente mais sustentável e eticamente mais responsável. Haja quem coordene isto para termos resultados. Na parte que me toca, irei tentar junto dos antigos alunos dos jesuítas europeus sensibilizá-los para este tema. Só aí já seremos milhões. Se quiserem juntar-se a nós…agradeço!