Ao longo da última década, a popularidade do investimento para o clima tem crescido exponencialmente, à medida que a sociedade está, cada vez mais, alerta para a necessidade de lutar por um futuro sustentável. Apesar do crescente mediatismo, a crise climática continua a intensificar-se e os múltiplos desafios ambientais, como, por exemplo, a questão dos microplásticos e a poluição química, persistem sem controle. Perante este desafio, urge a necessidade de uma ação mais participativa, onde o foco será encontrar soluções inovadoras que nos permitam prosperar e progredir em prol de um futuro mais sustentável.
Neste sentido, os investidores adotam um papel crucial, uma vez que são os principais responsáveis pelo capital distribuído para inovar e por identificar e capacitar os líderes sustentáveis do amanhã. Um investimento focado no ambiente, para além de importante para responder a uma crise climática sem precedentes, pode ter um impacto positivo em termos económicos, contribuindo para a sustentabilidade a longo prazo da economia global.
Uma das oportunidades de resposta para este desafio ambiental passa, invariavelmente, pela Inteligência Artificial (IA) que, impulsionada por modelos de IA generativos, como o ChatGPT, tem contribuído para indústrias mais otimizadas. À medida que os anos avançam, a IA torna-se, cada vez mais, uma ferramenta crucial para apoiar múltiplos setores. No entanto, esse investimento traz desafios significativos para o ambiente, tal como o demonstrou um estudo recente que alerta para o facto do ChatGPT consumir 10 vezes mais energia do que uma simples pesquisa no Google. É necessário que se encontrem soluções para mitigar os riscos da pegada de emissões ao longo do seu ciclo de vida enquanto se potencializam os benefícios da IA; onde o foco esteja no aumento da eficiência energética do espaço tecnológico.
Nesta procura por emissões mais reduzidas da pegada carbónica, uma gestão de resíduos eficiente torna-se indispensável. Embora esteja, aparentemente, no extremo oposto do espectro de vanguarda da IA, as empresas deste setor são fundamentais para alcançar objetivos de emissão zero, através da recolha, triagem e processamento de materiais recicláveis, reduzindo a pegada de carbono associada à fabricação de novos produtos. Apesar do notável progresso, a taxa de reciclagem dos resíduos sólidos urbanos permanece baixa – cerca de 48% na UE e 32% nos EUA - uma necessidade à qual as empresas devem estar atentas.
Isto porque, à medida que o setor tecnológico avança a um ritmo sem precedentes, a demanda por dispositivos eletrónicos mais rápidos, de menor dimensão e mais eficientes energeticamente continua a aumentar. Um exemplo claro está nos semicondutores, uma área cada vez mais importante na procura de uma maior eficiência energética, devido ao aumento da população mundial e ao número crescente de dispositivos ligados. O recente crescimento dos veículos elétricos com elevado número de chips vem demonstrar esta tendência. As previsões atuais sugerem que a quota de vendas de veículos elétricos a nível mundial passará de 14% em 2022 para mais de 60% em 2030. Este facto leva à necessidade de softwares de simulação cada vez mais avançados para conceber estes chips.
Apostar num investimento positivo para o clima deve ser entendido como um compromisso real e duradouro. Os desafios climáticos de hoje continuam a trazer sérios riscos para as gerações futuras, mas as oportunidades de inovação são vastas, desde o investimento numa rede elétrica mais estável, em tecnologias mais eficientes ou mesmo em resíduos mais limpos. Investidores e empresas devem andar lado-a-lado neste compromisso ambiental, focados numa cultura de responsabilidade e sustentabilidade.
Gestor de portefólio na Nordea Asset Management