"Ao baixo ritmo atual, poderá ser necessário mais de um século para eliminar a pobreza para quase metade do mundo tal como é definido para quase metade da população mundial, ou seja, pessoas que vivem com menos de 6,85 dólares por dia", lê-se no relatório do Banco Mundial com o título 'Pobreza, Prosperidade e Planeta'.

O relatório hoje divulgado em Washington, no âmbito dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, é a primeira avaliação dos progressos para a erradicação da pobreza e promoção da prosperidade a seguir à pandemia de covid-19, mas a conclusão não é animadora: "O objetivo global de erradicar a pobreza extrema, definida como 2,15 dólares por pessoa por dia, até 2030 está fora de alcance", lê-se no documento.

O Banco Mundial estima que podem ser precisos 30 anos ou mais para eliminar este tipo de pobreza, que afeta principalmente os países mais pobres, onde vivem quase 700 milhões de pessoas, representando 8,5% do total, devendo baixar apenas para 7,3% até final da década.

"A pobreza extrema continua concentrada em países com um crescimento económico historicamente baixo e frágil, muitos dos quais se situam na África Subsariana", aponta o relatório, que acrescenta que quase metade da população do mundo (44%) vive com menos de 6,85 dólares por dia, que é a linha de pobreza para os países de médio e elevado rendimento.

"Depois de décadas de progresso, o mundo está a passar por sérias contrariedades na luta contra a pobreza global, em resultado dos desafios interligados, que incluem um baixo crescimento económico, a pandemia, a elevada dívida, o conflito e a fragilidade, e os choques climáticos", disse o diretor executivo sénior do Banco Mundial, Axel van Trotsenburg.

Comentando o relatório, o responsável defendeu uma "abordagem completamente nova" para melhorar a vida das pessoas e disse que os países precisam de lidar com os problemas atuais agora, e não mais tarde, quando se tornar mais caro para eles e mais perigoso para o planeta.

Os países de baixo rendimento, entre os quais se incluem todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), excetuando Angola e Guiné Equatorial, "devem dar prioridade à redução da pobreza através do crescimento económico alcançado por mais investimento na criação de emprego, capital humano, acesso a serviços e infraestruturas, ao mesmo tempo que melhoram a resiliência", lê-se ainda no relatório.

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