"Vai alguém receber para ninguém se fazer de vítima", declarou Miguel Albuquerque, falando aos jornalistas à margem de uma visita ao Mercado dos Lavradores, no Funchal, habitual neste dia do ano, em que se realiza a tradicional Noite do Mercado.

O social-democrata Manuel António Correia indicou hoje que se vai deslocar, às 15:30, à sede do PSD/Madeira, que se encontra encerrada neste período do Natal, para formalizar a entrega do requerimento e das subscrições necessárias para a convocação de um congresso extraordinário eleitoral da estrutura regional do partido.

O presidente dos sociais-democratas madeirenses e do Governo Regional, que caiu na sequência de uma moção de censura aprovada na terça-feira, reafirmou que não está "sensível" à realização de eleições internas, justificando com os estatutos do partido.

Miguel Albuquerque recordou que os estatutos do PSD/Madeira estabelecem a realização de eleições de dois em dois anos, sendo que "qualquer exceção tem de ser decidida pelo Conselho Regional".

As assinaturas recolhidas por Manuel António Correia, que quer novamente disputar a liderança do PSD regional com Albuquerque, terão de ser remetidas para o Conselho de Jurisdição e depois "o próprio Conselho Regional é que pode deliberar se existe justificação para haver um congresso eletivo".

Miguel Albuquerque realçou, porém, que "do ponto de vista estratégico e, sobretudo, tático, o que partido precisa é de se unir e de se mobilizar para as eleições que se avizinham".

"É também importante deixar muito claro que qualquer situação de divergência dentro do partido ou de regras fratricidas para satisfazer os egos vem prejudicar o PSD e vem valorizar a oposição", insistiu.

Questionado se os conselheiros regionais vão chumbar a reivindicação de eleições internas, o dirigente disse não ter "a certeza de nada", mas salientou que as "pessoas com bom senso dentro do PSD" acham "completamente suicidário fazer eleições internas agora".

"Não, acho que não vai acontecer, não tem lógica que aconteça porque isso era dar cabo do PSD/Madeira", acrescentou

"É completamente inoportuno e não tem nenhum sentido. Um partido, como qualquer instituição, tem regras e essas regras são fundamentais para manter a credibilidade das instituições e, sobretudo, para assegurar que as instituições não são dissolvidas, nem são afetadas por surtos de egocentrismo ou surtos que são sectários", reforçou.

Em março, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional desde 2015, venceu as eleições internas do PSD/Madeira, derrotando Manuel António Correia por 2.246 votos contra 1.854, num universo de 4.388 votantes inscritos.

Entretanto, em maio, ganhou novamente as regionais antecipadas, convocadas depois de Albuquerque se ter demitido do executivo na sequência de um processo de suspeitas de corrupção, no qual é arguido.

O PSD não conseguiu, no entanto, ter a maioria absoluta no parlamento insular pela primeira vez na história da Autonomia regional.

Na terça-feira, a Assembleia Legislativa aprovou uma moção de censura do Chega contra o Governo Regional minoritário do PSD, com os votos a favor de toda a oposição. Só o PSD e o CDS-PP, que têm um acordo parlamentar e um total de 21 deputados (insuficientes para a maioria absoluta que requer 24), votaram contra.

Na sequência da aprovação da moção de censura, que implica a queda do executivo, o representante da República, Ireneu Barreto, ouviu na quinta-feira todos os partidos com assento parlamentar, por ordem decrescente de representação: PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, IL e PAN.

No final dos encontros, o juiz conselheiro transmitiu aos jornalistas que todas as forças políticas "pugnaram eleições o mais depressa possível" e que iria reunir-se hoje com o Presidente da República para lhe transmitir que não conseguiu encontrar uma solução governativa no atual quadro parlamentar.

TFS // VAM

Lusa/Fim