"O que nós pensamos que o senhor Presidente da República deve fazer é acrescentar cerca de um mês e meio ao período normal para estas situações, a exemplo do que já fez a nível nacional aquando da saída do doutor António Costa, e com esse mês e meio a mais nós conseguimos dar estabilidade há Madeira durante anos", afirmou.
Manuel António Correia quer, assim, ganhar tempo para que seja possível a realização de novas eleições internas no PSD/Madeira, às quais pretende candidatar-se.
"Se não houver mudança, a Madeira continuará sem estabilidade governativa, porque o doutor Miguel Albuquerque [líder do PSD regional e presidente executivo insular], por um lado, não consegue maioria, e, por outro, os partidos que podiam ajudar a estabilizar a governação já disseram que com ele não", explicou.
Na terça-feira, a Assembleia Legislativa aprovou uma moção de censura do Chega ao Governo Regional minoritário do PSD, com os votos a favor de toda a oposição. Só o PSD e o CDS-PP, que têm um acordo parlamentar e um total de 21 deputados (insuficientes para a maioria absoluta que requer 24), votaram contra.
O Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a iniciativa com as investigações judiciais envolvendo Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura determinou a queda do executivo.
"Os madeirenses e porto-santenses já perceberam que o doutor Miguel Albuquerque de há muito deixou de pensar na Madeira e se calhar está a pensar na Madeira e no PSD para satisfazer as suas ambições, quando a ambição dele devia ser servir a Madeira, ao contrário do que está a acontecer", afirmou Manuel António Correia.
O antigo governante madeirense falava aos jornalistas na sede do PSD/Madeira, no Funchal, que está encerrada para férias de Natal dos funcionários, mas hoje abriu excecionalmente para receber o requerimento e as subscrições necessárias para a convocação do congresso extraordinário.
De acordo com os estatutos do PSD/Madeira, a realização de um congresso extraordinário pode ser requerida por pelo menos 300 militantes, mas a convocação de eleições internas está dependente do Conselho Regional, o órgão máximo da estrutura regional entre congressos, que decide "da justificação ou não" do sufrágio.
Ao entregar o requerimento, Manuel António Correia defendeu que o Presidente da República deve adiar o processo de dissolução do parlamento regional em pelo menos um mês e meio, para dar oportunidade ao PSD e aos outros partidos de se reorganizarem internamente antes das eleições antecipadas.
Segundo o artigo 19.º da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, o Presidente da República marca a data da eleição dos deputados "com a antecedência mínima de 55 dias" após a publicação do decreto de dissolução da Assembleia Legislativa.
O antigo secretário do Ambiente e Recursos Naturais (2000 e 2015) considerou que a Madeira está a caminhar para um "precipício político" e acusou o atual presidente do governo de prestar um mau serviço à região, sublinhando que o documento com 540 assinaturas constitui o "sentimento coletivo dos militantes" que não se reveem na atual direção e que estão com "medo do caminho para onde este PSD leva a Madeira".
"A Madeira tem vivido num pântano político e agora parece que quer seguir para um precipício político e nós queremos evitar isso", avisou.
Por isso, reforçou é preciso "um congresso que escolha uma nova liderança para o PSD e, acima de tudo, um novo candidato do PSD às eleições regionais [antecipadas]".
Manuel António Correia já disputou -- e perdeu -- duas vezes a liderança do partido com Miguel Albuquerque, em 2014 e em março deste ano.
O presidente dos sociais-democratas madeirenses e do Governo Regional tem afirmado reiteradamente que "não tem lógica" realizar eleições internas, garantindo também que será o cabeça de lista do partido nas próximas eleições.
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