Ainda sobre a auditoria do FC Porto, pedida pelo presidente Villas-Boas, e com foco no capítulo das transferências, há uma ligação recorrente: FCP - Portimonense. Dos 55 negócios analisados à lupa constam seis compras de atletas ao clube algarvio. Nenhuma das aquisições estava suportada por relatórios de scouting.

Dos seis atletas, só um foi opção recorrente: Wilson Manafá, que somou 130 jogos pela equipa principal. Pelo lateral, os dragões pagaram três milhões de euros por 60% do passe, mais quatro milhões de euros pelos restantes 40%. No total, sete milhões. Sairia a custo zero.

Seguimos para Bruno Costa, formado no Dragão e vendido ao Portimonense por dois milhões, regressou um ano e meio depois por 2 milhões e meio por 50% do passe. Fez 34 jogos pela equipa principal desde o regresso, saiu também a custo zero.

Samuel Portugal é o único que continua no plantel. O FC Porto investiu um milhão em 20% do passe, depois 1 milhão em meio por mais 35%, e mais 1 milhão e meio por outros 35%. No total, quatro milhões de euros por 90% do passe. Até à data, o guarda-redes não somou qualquer jogo oficial por qualquer equipa do clube.

Pelo avançado Rui Costa, também proveniente do clube de Portimão, o Futebol Clube do Porto pagou 1,5 milhões de euros por 50% do passe. Jogou apenas pela equipa B, saiu a custo zero dois anos depois.

Musa Yahaya, defesa nigeriano, custou 750 mil euros por 45% do passe, quando estava avaliado em 75 mil euros. Saiu quatro anos depois a custo zero, com 77 jogos pela equipa B.

Por fim, o caso do extremo Gleison Moreira. Custou um milhão de euros por 50% do passe, quando o valor do mercado era de 25 mil euros. Jogou só pela equipa B, foi sucessivamente emprestado e vendido de volta ao Portimonense 100 mil euros pelos mesmos 50% do passe.

Em negócios com outros clubes destacam-se comissões de intermediação muito acima dos referenciais da FIFA. Por exemplo, na compra de Chancel Mbemba ao Newcastle. Custou 4,5 milhões de euros, acrescidos de uma comissão de três milhões de euros pagos à entidade Pilgrim Holland. Sairia também a custo zero.

E ainda, por exemplo, o caso de Éder Militão, o passe custou sete milhões, as comissões foram de três milhões. Na venda ao Real Madrid por 50 milhões de euros, 9 milhões e meio seriam para intermediários. Neste dossiê, o FC Porto tem ainda três milhões de euros em dívida.