
O primeiro-ministro francês, posto em causa por não ter denunciado, quando era ministro da Educação, violências físicas e sexuais ocorridas na escola católica frequentada pelos seus filhos, disse hoje que não sabia de nada.
A reação de François Bayrou ocorreu um dia depois de a sua filha mais velha ter dito que tinha sido vítima daquela violência.
O chefe do governo respondia a perguntas durante uma conferência de imprensa, depois de a sua filha ter denunciado uma situação por que passou, durante um acampamento de verão pela congregação do liceu Notre-Dame de Bétharram, que há meses que está no centro de um escândalo de pedocriminalidade.
Hélène Perlant disse à revista semanal Paris Match, que, quando tinha 14 anos, foi atirada para o chão e agredida pelo religioso que controlava a colónia de férias e denunciou um estabelecimento "organizado como uma seita".
Mas avançou que nunca falou ao pai desta situação.
"Enquanto pai, isto é uma faca no coração. (...) Que não o tenhamos sabido e que tenha acontecido. Para mim, é insuportável", disse Bayrou, garantindo que a sua filha "nunca" lhe tinha falado do assunto.
Mas "ela não é o centro do caso" e "isto não é um assunto pessoal". E, acrescentou, "enquanto responsável público, que ultrapassa o pai de família, é nas vítimas que penso. (...) E não as quero abandonar".
Ministro da Educação entre 1993 e 1997, o primeiro-ministro garantiu que "nunca tinha sido informado" sobre o assunto, apesar de várias pessoas assegurarem o contrário.
As violências físicas e sexuais na escola católica foram denunciadas hoje por 200 antigos alunos.
A instituição fundada em 1837, que tem uma reputação sinistra na região, foi frequentada por vários dos filhos do primeiro-ministro e a sua esposa aí chegou a ensinar o catecismo.
François Bayrou deve ser ouvido, em 14 de maio, pela comissão parlamentar que está a investigar o escândalo Bétharram.