As autoridades venezuelanas detiveram três norte-americanos, dois espanhóis e um checo, acusados de estarem ligados a uma alegada conspiração "para desestabilizar" o país, anunciou Caracas.
Washington negou imediatamente "qualquer envolvimento" dos Estados Unidos "numa conspiração para derrubar" o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Em conferência de imprensa, no sábado, o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, falou de um alegado plano para "gerar violência e desestabilizar" o país.
As autoridades venezuelanas anunciaram também a apreensão de cerca de 400 espingardas provenientes dos EUA.
Cabello afirmou que Maduro, cuja reeleição nas presidenciais de 28 de julho está a ser contestada pela oposição e por parte da comunidade internacional, era o alvo deste alegado plano, juntamente com outros funcionários do executivo.
"Dois cidadãos espanhóis foram recentemente detidos em Puerto Ayacucho (sul)", disse o ministro, acrescentando que um "cidadão norte-americano" também estava sob custódia, bem como outros dois norte-americanos e um checo.
Cabello associou o alegado plano aos serviços secretos espanhóis e norte-americanos, bem como à líder da oposição Maria Corina Machado.
"Contactaram mercenários franceses, contactaram mercenários da Europa de Leste e estão a levar a cabo uma operação para tentar atacar o nosso país", disse Cabello, acrescentando que os detidos estavam em vias de confessar.
As mais de 400 espingardas apreendidas destinavam-se "a atos terroristas aqui na Venezuela, terrorismo incentivado por setores políticos", disse, assegurando: "Sabemos até que o governo dos EUA está ligado a esta operação".
O Departamento de Estado norte-americano rejeitou qualquer "envolvimento dos EUA numa conspiração para derrubar Maduro é categoricamente falso. Os Estados Unidos continuam a apoiar uma solução democrática para a crise política na Venezuela", escreveu um porta-voz numa mensagem de correio eletrónico.
O mesmo porta-voz disse que a diplomacia norte-americana tinha sido informada sobre a detenção de "militar norte-americano" e referiu "informações não confirmadas sobre a detenção de dois outros cidadãos norte-americanos".
Estas detenções ocorrem num contexto de tensões acrescidas entre a Venezuela e os EUA, bem como com Espanha, onde está exilado o candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, devido à eleição contestada de Maduro.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro vencedor das eleições, com 52% dos votos. No entanto, a oposição afirma que Gonzalez Urrutia obteve mais de 60% dos votos, com base nos relatórios fornecidos pelos seus escrutinadores.
Os Estados Unidos reconheceram Gonzalez Urrutia como Presidente e anunciaram na quinta-feira sanções contra 16 pessoas próximas de Maduro por "obstrução às eleições presidenciais".
Caracas rejeitou imediatamente estas medidas, com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, a garantir, na sexta-feira, que as forças armadas "não eram corruptíveis" e não seriam intimidadas pelos EUA.