A Rússia e os Estados Unidos acordaram uma significativa troca de prisioneiros que deve garantir o regresso a casa do repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich e o antigo fuzileiro naval dos EUA Paul Whelan, além de também estar prevista a libertação de alguns nomes sonantes da oposição a Vladimir Putin, como o político e jornalista Vladimir Kara-Murza ou Ilya Yashin, um dos maiores aliados de Alexei Navalny, o homem que se tinha tornado o maior nome do movimento por uma mudança na Rússia e que morreu numa prisão russa em fevereiro deste ano.

A notícia está a ser avançada por vários meios de comunicação internacionais, como a Bloomberg e o “Telegraph” ou a cadeia ABC, que citam fontes próximas das negociações, pelo lado dos Estados Unidos, mas do lado russo ainda não há confirmação. “Não tenho comentários sobre este tópico”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmytry Peskov, citado pelo “Moscow Times”. A advogada russa de Gershkovich também não quis adiantar detalhes. “Infelizmente, não posso prestar comentários”, disse Maria Korchagina à agência de notícias russa RIA.

Segundo a Euronews, cinco países estarão envolvidos nesta troca de prisioneiros: Eslovénia, Alemanha, Estados Unidos da América, Rússia e Bielorrússia.

A CNN escreve que, durante vários meses, diplomatas norte-americanos percorreram o mundo à procura de prisioneiros que pudessem ser libertados, em troca dos cidadãos norte-americanos e também dos opositores ao regime de Putin.

Gershkovich foi detido em março de 2023 durante uma viagem de reportagem a Ekaterinburgo. Foi considerado culpado de espionagem e há cerca de 15 dias tinha ficado a saber que iria passar 16 anos numa prisão.

Whelan - cidadão americano, irlandês, britânico e canadiano - foi detido num hotel de Moscovo em dezembro de 2018, sob suspeitas semelhantes, por espionagem a favor dos Estados Unidos.

Vladimir Kara-Murza estava preso há dois anos, por espalhar informação falsa sobre o exército russo e pertencer a “organizações indesejáveis”. Tinha sido recentemente condenado a 25 anos de prisão. A sua mulher, Evgenia Kara-Murza contou a história da vida de ambos ao Expresso e o que tinha tentado fazer pelos presos políticos desde a prisão do seu marido.

Ilya Yashin, opositor político do regime do Kremlin, estava a cumprir uma pena de oito anos e meio por ter criticado a guerra na Ucrânia. O seu advogado disse à agência de notícias Associated Press, que Yashin tinha sido transferido esta manhã.

A mesma agência escreve que Oleg Orlov, presidente do grupo de defesa dos direitos humanos Memorial, galardoado com o Prémio Nobel da Paz e condenado a dois anos e meio em fevereiro; a artista Alexandra Skochilenko, que cumpria uma pena de sete anos por ter substituído as etiquetas dos preços num supermercado por mensagens que denunciam a morte de civis na Ucrânia; e as antigas coordenadoras regionais da Organização Anti-Corrupção Navalny, Lillia Chernysheva e Ksenia Fadeyeva, condenadas a nove anos e meio e nove anos respetivamente, também foram retirados das suas prisões e levados para outras localizações.