Guterres "está alarmado com a escalada de violência nas áreas costeiras da Síria, cenário de execuções sumárias generalizadas, incluindo de famílias inteiras, e com a perda de pelo menos um dos nossos colegas da UNRWA [Agência da ONU para os Refugiados da Palestina]", afirmou hoje o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric. 

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, indicou no domingo que recebeu informações sobre execuções sumárias com conotações sectárias cometidas por elementos associados ao Governo anterior, membros das forças de segurança do atual Governo interino e outras pessoas não identificadas. 

O porta-voz de Guterres, falando no seu 'briefing' diário à imprensa, transmitiu o seu apelo às partes em conflito na Síria para "protegerem os civis e pararem com a retórica e as ações incendiárias enquanto a Síria enfrenta o legado de 14 anos de conflito e cerca de cinco décadas de governo autoritário". 

"O massacre na Síria deve parar imediatamente e os perpetradores das violações devem ser responsabilizados. As preocupações das comunidades sírias devem ser abordadas de forma significativa", acrescentou, observando que as autoridades interinas anunciaram uma comissão de investigação para preservar a paz civil. 

Além disso, neste contexto de "desinformação generalizada e tensões crescentes", o líder da ONU também destacou a necessidade de "garantir um espaço de proteção para a imprensa independente e organizações de direitos humanos, para que possam fazer o seu trabalho de monitorizar, verificar e esclarecer de forma transparente relatórios e alegações". 

Guterres e o seu enviado especial para a Síria, Geir Pedersen, falaram hoje diante de membros do Conselho de Segurança, a portas fechadas, sobre os últimos acontecimentos na Síria e disseram que estão prontos para apoiar um processo de transição política "de propriedade e liderado pelos sírios" que siga o consenso internacional. 

A recente escalada de violência no país afetou severamente a população civil e infraestruturas e, de acordo com os últimos números da ONU, centenas de pessoas foram mortas (mais de 1.300 de acordo com uma organização não-governamental síria), incluindo mulheres, meninas e profissionais de saúde, milhares foram deslocados, tendo muitos fugido para o Líbano em busca de segurança.  

 

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