O secretário-geral da ONU lembrou hoje o Papa Francisco como uma "voz de misericórdia num mundo de crueldade" e "um mensageiro da esperança", apelando à comunidade internacional para que se comprometa com as causas defendidas pelo pontífice.

Numa homenagem da Assembleia-Geral da ONU à memória do Papa Francisco, António Guterres recordou um "homem de fé e um construtor de pontes entre todas as religiões", além de "um defensor das pessoas mais marginalizadas da Terra".

"Ele foi uma voz de comunidade num mundo de divisão, uma voz de misericórdia num mundo de crueldade, uma voz de paz num mundo de guerra. E ele foi um amigo fiel das Nações Unidas", observou o líder da ONU.

Expressando condolências à comunidade católica e a outras pessoas ao redor do mundo que lamentam a "tremenda perda" do Papa Francisco, Guterres recordou o percurso do pontífice ainda antes de chegar a chefe supremo da Igreja católica, frisando que esse cargo foi precedido por décadas de serviço e boas obras.

Guterres disse que ficou impressionado com a humanidade e humildade do Papa quando o encontrou no Vaticano já como secretário-geral da ONU, em 2019, frisando que Francisco sempre viu os desafios "através dos olhos daqueles que estão nas periferias da vida".

Recordou também que, "todos os dias, sem falta", o Papa ligava discretamente para a Igreja da Sagrada Família na Cidade de Gaza, fazendo as "perguntas que um pai faz aos seus filhos": se tinham comida, água ou se alguém estava ferido.

"No mundo atual de divisão e discórdia, é particularmente significativo que o Papa Francisco tenha proclamado 2025 como o ano da esperança. Ele foi para sempre um mensageiro da esperança. Agora cabe a todos nós levar essa esperança adiante", instou António Guterres.

"Ao lamentarmos o falecimento do Papa Francisco, renovemos o nosso compromisso com a paz, a dignidade humana e a justiça social --- as causas às quais ele dedicou cada momento da sua vida extraordinária", concluiu.

O Papa Francisco morreu em 21 de abril, aos 88 anos, após 12 anos de pontificado.

Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.

A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano.

O funeral foi realizado no sábado, com milhares de fiéis anónimos e mais de uma centena e meia de delegações oficiais estrangeiras, inclusive os chefes de Estado dos EUA, França, Itália, Brasil, Argentina e Portugal, assim como os reis de Espanha.

Após a cerimónia na praça de São Pedro, o caixão de Francisco foi trasladado para a basílica romana de Santa Maria Maior, onde o Papa declarou, no seu testamento, que queria ser sepultado.