Um mês após o arranque do ano letivo, cerca de 37 mil alunos continuam sem aulas a pelo menos uma disciplina, um valor mais baixo quando comparado com o que se registava no período homólogo de 2023.

Por esta altura, há um ano, cerca de 45 mil crianças e jovens continuavam sem docente a pelo menos uma das disciplinas.

Em declarações à SIC, Cristina Mota, porta-voz da Missão Escola Pública, sublinha que o "problema mantém-se", apesar da melhoria verificada em 2024.

Com 37 mil alunos ainda sem o horário completo, a representante do movimento de defesa do ensino público aponta que o Governo "está a mascarar o problema" com algumas medidas que estão a ser aplicadas, que considera serem insuficientes.

Defende que fazer regressar ao ativo professores reformados e pré-reformados poderia "estar já a surtir efeito" de forma colmatar as falhas verificadas.

Segundo dados recolhidos pela Missão Escola Pública, os docentes que se encontram em funções, em muitos casos, estão sobrecarregados. Mariana Mota revela ainda que há profissionais "já com 10 horas extra":

"Cerca de 40% das escolas já têm professores com horas extra. Nós lembramos que o número de horas extra aumentou, no entanto, estas horas não são de lecionação obrigatória."

Lembra que "é essencial rever a questão do aumento salarial" dos docentes e explica que ao excesso de burocracia, "que traz muito trabalho aos professores, é um problema que deve ser combatido.

Cristina Mota considera que o Governo deve investir na "atratividade da carreira" de forma a colmatar a falta de professores nas escolas públicas, algumas das quais ficarão brevemente sem 10 docentes, que passam à reforma já no fim do presente ano letivo.

"[é necessário] Termos mais jovens ingressar em cursos via ensino e, para isso, será necessário abrir mais mestrados e articular os mestrados com as licenciaturas".

O Executivo de Luís Montenegro tinha como objetivo voltar a contratar 200 professores reformados, mas os diretores escolares acreditam que a adesão foi mais fraca do que era esperado.

"Número de alunos sem professores são sempre superiores" aos de 2023

De acordo com a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), a melhoria registada face ao ano transato pode não ser real:

"Desde o início do ano letivo, os totais semanais do número de alunos sem professores são sempre superiores aos do ano passado, excecionalmente esta semana. Ou seja, a situação é, quando muito, idêntica ou pior", revela à SIC Feliciano Costa, representante da FENPROF.

À semelhança de Cristina Mota, o sindicalista frisa que as medidas implementadas pelo Governo não estão a surtir efeito e "criam até desigualdades", referindo-se ao subsídio pago apenas aos docentes que lecionam em escolas com falta de professores.

Está agendada para quinta-feira, a partir das 11:00, em frente ao Ministério da Educação, uma manifestação de professores, que exigem o pagamento imediato de apoios aos professores deslocados com retroativos a setembro.