Formou-se em Direito e chegou a exercer a profissão, especializando-se em Direito da Família e Sucessões, até perceber o “peso” emocional que levava diariamente para casa. “Fazia muitos divórios, regulações de poder paternal, são áreas muito pesadas”, recorda a atual CEO da Valorsul, Marta Neves, que, na altura, acabou por decidir mudar o rumo da sua carreira para uma área “supostamente, mais impessoal”, o Direito Empresarial. Hoje sabe que tinha uma visão errada da realidade. A evolução acabou por ser muito associada a empresas, não só como já referiu, mas muito associada a empresas.
Marta entrou no radar das empresas muito jovem e foi somando desafios, no mundo corporativo e na causa pública. Foi diretora jurídica da Lusomundo, e mais tarde, da PT Multimédia, diretora de Regulação da PT Comunicações e integrou o comité executivo da PT, após a compra da Altice. Fez ainda parte de vários gabinetes ministeriais, entre eles o de Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia e do Emprego, de quem foi chefe de gabinete entre 2011 e 2013, durante o período de resgaste da troika.
Tem com a causa pública uma relação de paixão, mas não a suficiente para voltar um qualquer cargo no Governo. Das missões que desempenhou recorda a “intensidade” que exigiam e com que foram exercidas. “Acredito no nosso contributo para com a sociedade e encontramos, todos nós, várias maneiras de fazer. Lembro-me que o que marcou muito foi a intensidade, é um cargo muito intenso, mas em que temos um banho de realidade, do que é a nossa economia”, sublinha.
O que dai retirou para o contexto empresarial em que hoje lidera? A resiliência. Até porque, garante, há pouca ou mesmo nenhuma similaridade entre gerir um ministério ou uma empresa: "um Ministério tem a estrutura da Administração Pública, muito vincada na hierarquia. Aquela ideia de dar poder às pessoas para tomarem decisões, num Governo é particularmente difícil".
A atual CEO da Valorsul, a empresa responsável pela valorização e tratamento de resíduos urbanos em 19 municípios da região da Grande Lisboa e Oeste, é também administradora executiva da EGF, a empresa do sector ambiental do Grupo Mota-Engil e subdiretora do Colabor, o Laboratório Colaborativo para o Trabalho e o Emprego, em representação da Mota Engil. Gerir pessoas e desenvolvê-las é uma “arte” que procura aprimorar e a que gosta de dedicar mais tempo do seu dia.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: