O porta-voz das Forças Armadas israelitas, Daniel Hagari, gravou um vídeo após atravessar a fronteira libanesa. Ao longo das imagens, Hagari percorre o interior de uma casa destruída, mostrando que ali se encontrava material militar (granadas e espingardas) alegadamente pertencente ao Hezbollah. “Todas as casas são bases terroristas”, argumentou o representante das FDI.

Hagari disse acreditar que o Hezbollah fez das cidades do sul do Líbano depósitos de armas para dar continuidade ao "grande ataque 'Conquistar a Galileia'", um alegado plano do grupo e partido islamita libanês que se assemelharia ao 7 de outubro. A invasão terrestre do Líbano tem como objetivo, segundo Daniel Hagari, desmantelar as capacidades militares do Hezbollah, construídas “ao longo de anos”.

“Esta área deve ser limpa. A resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU impede que estas armas estejam aqui. Estamos a garantir - impondo-nos nesta área - que o terreno está limpo e podemos dizer aos nossos cidadãos na fronteira, que sofrem há quase um ano que podem regressar às suas casas.”

Ao abrigo daquela resolução das Nações Unidas, era requerido o desarmamento de todos os grupos armados no Líbano (incluindo o Hezbollah) e que nenhuma outra força armada, como a milícia xiita, estaria a sul do rio Litani. Nos primeiros dias da ofensiva no Líbano, as autoridades israelitas justificaram que a operação em curso destinava-se a “pôr fim aos ataques do Hezbollah a Israel, de modo a permitir que as dezenas de milhares de israelitas deslocados das suas casas no norte, desde outubro de 2023, possam regressar para lá em segurança”. Mais de 60 mil pessoas estão deslocadas de casa desde o início da guerra na zona da fronteira entre Israel e o Líbano.

E prosseguem os ataques naquele território do Levante. Disparos israelitas atingiram e feriram dois capacetes azuis da Força Interina das Nações Unidas no Líbano, o que mereceu a condenação do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. (A França já dominou aquele território, por mandato atribuído pela Sociedade das Nações, após a I Guerra Mundial.)

O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, sustentou também nesta quinta-feira que os ataques de tropas israelitas "podem constituir crimes de guerra".

"As ações hostis cometidas de forma repetida pelas forças israelitas contra a base da FINUL [Força Interina das Nações Unidas no Líbano] podem constituir crimes de guerra, e representam com certeza violações muito graves das normas do Direito Internacional Humanitário", afirmou o ministro italiano, pedindo explicações sobre o ocorrido.

De acordo com o Exército israelita, foram feitas advertências aos capacetes azuis para se abrigarem, antes da ocorrência dos ataques.

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⇒ Investigadores da ONU acusaram Israel de atacar deliberadamente instalações de saúde na Faixa de Gaza, com militares a “torturarem e matarem” pessoal médico. Trata-se de "crimes contra a Humanidade", de acordo com a Comissão Internacional Independente de Inquérito das Nações Unidas. "Israel está a implementar uma política concertada de destruição do sistema de saúde de Gaza como parte da sua ofensiva mais ampla em Gaza", conclui o relatório da comissão.

⇒ O chanceler alemão anunciou que vai entregar um novo carregamento de armas alemãs a Israel, seguindo uma linha contrária à de vários Estados europeus, como a França, cujo Presidente apelou a um embargo para forçar um cessar-fogo em Gaza. "Não decidimos parar de entregar armas; entregámos e vamos voltar a entregar armas", reiterou o líder alemão.

⇒ O Governo de Israel e o Hamas concordaram com novas pausas humanitárias a partir de segunda-feira para permitir, em Gaza, a administração da segunda dose da vacina contra a poliomielite às crianças no enclave, anunciou a Unicef. Foram concedidas "pausas humanitárias em zonas específicas" para vacinar 590.000 crianças palestinianas com menos de 10 anos com a segunda dose. Não se trata de uma trégua geral nos bombardeamentos de Gaza, mas sim de "uma trégua orientada no espaço e no tempo".