O primeiro-ministro disse esta terça-feira que nem ele nem a ministra da Saúde sabiam ou tinham como saber de eventuais incompatibilidades do diretor demissionário do SNS "na vigência do Governo anterior".

De acordo com relatos da intervenção de Luís Montenegro no Conselho Nacional do PSD, que decorreu à porta fechada, o líder social-democrata referiu-se à polémica que levou à demissão de Gandra D' Almeida, depois de a Investigação SIC ter revelado que acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão e que terá recebido por esses turnos mais de 200 mil euros.

Sobre este caso, e perante o Conselho Nacional, o primeiro-ministro disse que nem ele nem a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, "sabiam ou tinham como saber" se na "vigência do governo anterior" do PS poderia ter havido alguma incompatibilidade.

Montenegro reiterou, aliás, os elogios à ministra da Saúde, considerando que a pressão pública de que tem sido alvo não é pelo que está a fazer o atual Governo, mas pelo que "não foi feito" até à data em que este executivo tomou posse, em nova crítica aos socialistas.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro voltou a apontar a segurança como uma das prioridades do executivo PSD/CDS-PP.

"Isto não é aderir a nenhuma agenda", defendeu, repetindo que a segurança é uma condição essencial para o investimento e uma garantia dos direitos e liberdades dos cidadãos.

Montenegro não fala de Presidenciais

De acordo com os mesmos relatos, Montenegro não se referiu as eleições presidenciais de janeiro do próximo ano e, sobre autárquicas, repetiu o objetivo de vitória do PSD.

O antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde e ex-deputado do PSD Álvaro Almeida foi esta terça-feira anunciado pelo Governo para liderar a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na sequência da demissão de António Gandra d'Almeida.

Esta terça-feira, numa iniciativa como ministra, Ana Paula Martins foi questionada sobre uma notícia avançada pelo Correio da Manhã se sabia da acumulação de funções de António Gandra D' Almeida, dizendo conhecer o relatório de avaliação da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), que é público.

Segundo o documento da CReSAP, enquanto ainda era diretor da delegação Norte do INEM, Gandra D'Almeida apenas revelou ter exercido funções de médico de cirurgia geral no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, Espinho de 2015 a 2022, mas não referiu os serviços prestados em Faro e Portimão enquanto dirigia o INEM do Norte.

Diretor do INEM Norte e médico tarefeiro no Algarve: a investigação que levou à demissão de Gandra D'Almeida

Com LUSA