A 9 de Novembro de 1989 o muro de Berlim começava a ser derrubado. Símbolo de um regime, marco de uma época que principiava a acabar, o início da reunificação da Alemanha, o dia em que alemães, de leste ou do ocidente, saíram à rua para destruir uma barreira que os separou durante 28 anos.
Mais do que dividir Berlim, o muro que começou a ser construído em 1961 dividiu o mundo em dois blocos e foi o símbolo da guerra fria. A sua destruição desencadeou transformações profundas na Europa e no mundo.
O "muro da vergonha"
Construído em 1961 pela República Democrática Alemã (RDA), o Muro de Berlim separava Berlim Ocidental, controlada pelas potências ocidentais, de Berlim Oriental, que estava sob o domínio soviético.
O muro simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ideológicos: de um lado, o bloco ocidental, liderado pelos Estados Unidos e marcado por economias capitalistas; do outro, o bloco oriental, sob influência da União Soviética e de regimes comunistas.
Mais do que uma barreira física, o muro representava o isolamento e a repressão. Com cerca de 155 quilómetros de extensão, o muro e as suas torres de vigilância simbolizavam a opressão de milhões de pessoas que, impedidas de sair do lado oriental, viviam sob um regime de censura e vigilância apertada.
O princípio do fim da guerra fria
A noite de 9 de novembro de 1989 trouxe a esperança de liberdade aos cidadãos da RDA, que finalmente puderam atravessar o muro e juntar-se aos familiares e amigos no lado ocidental.
Este momento foi impulsionado por uma série de protestos pacíficos em várias cidades da Alemanha Oriental e por mudanças políticas dentro da própria União Soviética, onde o então líder Mikhail Gorbachev promovia reformas de abertura conhecidas como “Perestroika” e “Glasnost”.
A queda do muro não só abriu caminho para a reunificação da Alemanha, formalizada em outubro de 1990, como também acelerou o colapso de regimes comunistas noutras nações do bloco de Leste, incluindo a Polónia, a Hungria, a Checoslováquia e a Roménia. Politicamente, o fim do muro e a subsequente dissolução da União Soviética, em 1991, significaram o fim da Guerra Fria e o início de uma nova ordem mundial, com a Europa a caminhar para uma maior unificação e cooperação.
Um novo capítulo para a Europa
A integração da Alemanha na comunidade europeia tornou-se um símbolo da união do continente e deu novo impulso ao projeto da União Europeia.
A queda do muro redefiniu as fronteiras da Europa, não só geográficas mas também ideológicas, dando início a um período de reformas democráticas e económicas em países do antigo bloco de Leste.
Cinco curiosidades sobre o muro de Berlim
1. “Barreira de Proteção Antifascista”
O governo comunista da Alemanha Oriental chamava oficialmente ao Muro de Berlim a “Barreira de Proteção Antifascista”, numa tentativa de justificar a sua construção como uma proteção contra o “imperialismo” do Ocidente. Na prática, impedia a saída dos próprios cidadãos da RDA.
2. Famílias separadas
Quando o muro foi erguido em 1961, muitas famílias e amigos foram separados da noite para o dia. Casamentos e funerais foram realizados à distância ao longo dos anos, com familiares a trocarem sinais ou olhares através do muro.
3. Tentativas de fuga
Estima-se que cerca de 5.000 pessoas tenham conseguido escapar para o lado ocidental, utilizando métodos engenhosos, como túneis, balões de ar quente, ou escondendo-se em carros. No entanto, pelo menos 140 pessoas perderam a vida ao tentar atravessar o muro, embora alguns números apontem para mais vítimas.
4. Dois muros e uma “faixa da morte”
Na verdade, o muro de Berlim era composto por duas paredes paralelas, com uma faixa no meio conhecida como “faixa da morte”. Esta zona estava fortemente guardada, com armadilhas, cães de guarda, e uma série de torres de vigia. Este corredor de segurança tornava a travessia quase impossível para quem tentava escapar.
5. Fragmentos do muro pelo mundo
Após a queda em 1989, várias partes do Muro de Berlim foram removidas e distribuídas por diferentes países e museus pelo mundo. Hoje, é possível ver fragmentos do muro em cidades como Washington, Tóquio e até em Portugal, no Santuário de Fátima.