A CLPP disse no sábado, na rede social X, que familiares confirmaram a libertação de 59 pessoas da prisão de Tocorón, no estado de Aragua (centro--norte), e 79 da prisão de Tocuyito, no estado de Carabobo (norte), incluindo 19 mulheres.

No entanto, a ONG denunciou que os libertados "ainda são obrigados a assinar um documento no qual declaram que os seus direitos humanos foram respeitados" e, se "não o fizerem, não recebem o documento emitido pelo tribunal que lhes concede liberdade condicional".

Também na rede social X, o ex-governador da oposição César Pérez Vivas acusou o Governo de "obrigar os presos políticos libertados nas últimas horas a anunciar que foram bem tratados nas prisões, que receberam cuidados médicos e alimentação de qualidade".

Pérez Vivas assegurou que vários "estão a ser obrigados a comparecer em Caracas", no início de janeiro para "participar num evento público onde devem dizer que foram pagos para ir aos protestos de 29 de julho ou que [a líder da oposição] María Corina [Machado] lhes ordenou que praticassem atos de violência".

"Todo um roteiro para continuar a justificar a violência oficial e o terrorismo judicial contra os cidadãos. Devem continuar a apresentar-se. Não há liberdade total. É um protocolo para manter sob chantagem aqueles cidadãos que nunca deveriam ter sido presos", acrescentou o membro da maior coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática.

Na quinta-feira, uma outra ONG venezuelana, o Fórum Penal (FP), denunciou que estão detidas no país, por motivos políticos, 1.849 pessoas, o número mais elevado desde 2000.

De acordo com o FP, 1.628 presos políticos são homens e 221 mulheres, sendo que 1.687 são civis e 162 militares, de diferentes ramos das Forças Armadas. O FP acrescentou que todos os 1849 prisioneiros são adultos.

Na última semana, adiantou a FP, registaram-se 15 novas detenções e 43 libertações, enquanto mais de nove mil outras pessoas continuavam "submetidas arbitrariamente" a restrições à sua liberdade.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.

A oposição afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente.

O próximo Presidente da Venezuela tomará posse a 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos.

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