Os Estados-membros das Nações Unidas (ONU) comprometeram-se, neste domingo, a traçar "um futuro melhor" para a humanidade afetada pelas guerras, pela pobreza e pelo aquecimento global, apesar da oposição de alguns países, incluindo da Rússia, à adoção deste acordo.

Em causa está o "Pacto para o Futuro", adotado, este domingo, em Nova Iorque no arranque da "Cimeira do Futuro", um evento projetado pelo secretário-geral da ONU em 2021 e apresentado como uma "oportunidade única" para mudar o curso da história.

Depois de duras negociações até ao último minuto, a Rússia manifestou a sua oposição ao texto, sem, no entanto, impedir a sua adoção por consenso.

"Isto não pode ser considerado multilateralismo, ninguém está satisfeito com este texto", declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Vershinin.

Guterres saúda adoção de acordos históricos que visam tirar "multilateralismo do abismo"

O secretário-geral das Nações Unidas saudou a adoção de "três acordos históricos" na Cimeira do Futuro, advogando que o objetivo daqueles é uma mudança radical que permita tirar o "multilateralismo do abismo".

"Estamos aqui para trazer o multilateralismo de volta do abismo. (...) Convoquei esta Cimeira porque o nosso mundo está a descarrilar e precisamos de decisões difíceis para voltar aos trilhos", instou Guterres.

"Os conflitos estão a alastrar-se e a multiplicar-se, do Médio Oriente à Ucrânia e ao Sudão, sem fim à vista. O nosso sistema de segurança coletiva está ameaçado por divisões geopolíticas, postura nuclear e o desenvolvimento de novas armas e teatros de guerra. Recursos que poderiam trazer oportunidades e esperança são investidos em morte e destruição", lamentou.

O líder da ONU frisou que, apesar das dificuldades atuais, não existe uma resposta global eficaz para ameaças emergentes, complexas e "até existenciais", acrescentando que as ferramentas e instituições multilaterais são incapazes de responder efetivamente aos desafios políticos, económicos, ambientais e tecnológicos de hoje.