Pedro Nuno Santos defendeu-se, esta quarta-feira, das críticas feitas por António Costa, afastando a ideia de que é um “político tático”. O secretário-geral socialista condenou também quem julga outros socialistas “em praça pública”.
Numa declaração aos jornalistas, esta quarta-feira, o líder do PS defendeu a postura que assumiu, perante a polémica que envolveu o autarca de Loures, e assegurou que a demissão de Ricardo Leão da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS não está relacionada com as críticas de António Costa.
A contovérsia de Leão e as críticas de Costa
O presidente da Câmara de Loures e até agora líder da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS,Ricardo Leão, tornou-se protagonista de uma controvérsia, ao defender que quem esteve envolvido nos tumultos quem atingiram a Grande Lisboa deveria ser despejado da habitação socialdos municípios. O PS e o PSD de Loures aprovaram, inclusive, uma recomendação do Chega nesse sentido.
A posição gerou uma ampla contestação dentro do PS, porém, o líder socialista defendeu Ricardo Leão, classificando a posição do autarca de Loures como apenas um "momento menos bom".
Ora, o ex-líder do PS, António Costa, não é da mesma opinião e atacou a defesa feita por Pedro Nuno Santos. Esta quarta-feira, num artigo no jornal Público - assinado em conjunto com os também socialistas José Leitão e Pedro Silva Pereira - Costa criticou as declarações de Ricardo Leão, afirmando que "ofendem gravemente os valores do partido", e sublinhou que "não há calculismo taticista que o possa desvalorizar".
Horas depois, saber-se-ia que Ricardo Leão tinha apresentado a demissão da presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS.
"Se há político que não é tático, sou eu”
A acusação de “calculismo taticista” não caiu bem a Pedro Nuno Santos, que, em declarações aos jornalistas, esta tarde, fez questão de contestá-la.
“Se há político em Portugal que não é tático, sou eu”, defendeu o secretário-geral socialista.
Admitindo que leuo artigo assinado por António Costa, o atual líder do PS disse não reconhecer nele qualquer “novo argumento” em relação àquilo que tinha defendido sobre a polémica com Ricardo Leão. “A sintonia é total”, declarou.
Pedro Nuno Santos argumenta que, desde o primeiro momento, foi “muito claro” sobre quais eram os valores do PS e a sua posição em relação à matéria em causa.
“Todos os eleitos do PS estão comprometidos com a lei, com a Constituição, com o objetivo de reinserção social, e com os princípios do humanismo, do respeito pelo outro e da empatia”, assegurou. “ É assim que o PS está, é assim que eu estou, e é assim que têm de estar todos os eleitos.”
“Não houve da minha parte nenhuma desvalorização. Nem sequer posso aceitar essa ideia”, insistiu.
O “não” aos julgamentos em “praça pública”
Apesar de sublinhar a posição “humanista” dos socialistas e de dizer que discorda com a intenção de despejar das habitações quem participe em tumultos, há uma coisa que Pedro Nuno Santos rejeita fazer: condenar um eleito pelo PS em público.
O líder socialista considera que “é possível conciliar uma posição clara e firme” e, ao mesmo tempo, “lidar com as questões internamente”.
“Um secretário-geral do PS não pode fazer julgamento na praça pública de eleitos pelo PS. Isso não é forma - não é, pelo menos, a minha forma - de liderar o PS”, alegou Pedro Nuno Santos.
O líder socialista deixou também a garantia de que a agora anunciada demissão de Ricardo Leão da presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS nada teve a ver com o artigo assinado por António Costa.
“Resulta de uma reflexão do próprio”, assegurou Pedro Nuno Santos, adiantando que Ricardo Leão já lhe tinha apresentado o pedido de demissão na terça-feira.
PS vai apresentar propostas para bairros
O secretário-geral socialista fez ainda o anúncio de que o PS irá apresentar, em breve, propostas sobre o tema da segurança e a proximidade entre a polícia e os bairros.
Pedro Nuno Santos sublinhou que os socialistas não têm uma visão “apenas securitária, repressiva ou punitiva dos fenómenos da criminalidade” e defendeu que, para haver sociedades mais seguras, há que existir coesão e menor desigualdade social.
“Isso implica um compromisso sério com a inclusão de comunidades que se sentem abandonadas pelo poder político”, frisou.