A intervenção policial aconteceu cerca das 13:20 locais (11:20 em Lisboa), pelo menos junto à estátua de Eduardo Mondlane, na avenida central de Maputo com o mesmo nome, provocando a fuga momentânea dos manifestantes.
"Nós simplesmente estávamos a entoar o hino nacional, que é respeito, é símbolo de Moçambique. Os polícias que tinham de respeitar, não conseguiram respeitar, a população não fez nada e amanhã vão-nos chamar de vândalos", explicava uma das manifestantes.
O protesto convocado para hoje por Venâncio Mondlane envolvia, entre outras ações, cantar o hino nacional por 25 minutos, nas ruas, a partir das 13:00 locais (11:00 em Lisboa), tal como o fez Francisco Alface, surpreendido pelo lançamento de gás lacrimogéneo junto à estátua do histórico Eduardo Mondlane, quando a manifestação decorria de forma pacífica, embora com toda a circulação automóvel cortada.
"Estávamos aqui a entoar o hino nacional, de forma pacífica, sem vandalização, sem nada. Eles chegaram de repente e começaram a lançar o gás lacrimogéneo. O trabalho deles é nos intimidar, nós já estamos cansados de ser roubados e sequestrados. Este país é nosso, nós vamos continuar a nos manifestar até à reposição da verdade eleitoral", afirmava.
Apesar da intervenção policial, que ainda se repetiu, de apitos e cartazes nas mãos, munidos de garrafas de água, os manifestantes rapidamente voltaram a ocupar os mesmos locais, entre cânticos de apoio a Venâncio Mondlane e "salvem Moçambique", enquanto reocupavam toda a avenida Eduardo Mondlane.
"Estávamos numa simples manifestação. Vou voltar a repetir: Simples manifestação. Só que de repente a polícia começou a nos atacar gás lacrimogéneo", explicava, pouco depois, Vitor Sitoe, garantindo que tudo estava a acontecer de forma pacífica".
"Nós não temos armas, só tenho a minha bandeira, que me identifica como moçambicano", garantia, enquanto se preparava para voltar a entoar o hino, no mesmo local, novamente, como centenas de outros manifestantes.
Este é o último dos três dias da nova fase de protestos convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
A ação, explica Mondlane, é o luto pelas vítimas, manifestantes - segundo o candidato um total de 50 mortos nos últimos dias - que participaram em ações de protesto anteriores, disse, "baleadas pelas autoridades que as deviam proteger".
O candidato apoiado pelo Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.
PVJ // JMC
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