
"Foi uma reunião muito produtiva, foi um dia de facto de grande coesão e de união dos Estados-membros. Houve um grande sentido de não escalar mais esta situação, que na verdade não foi criada pela União Europeia e, portanto, temos de ter aqui uma paciência estratégica na negociação para não escalar mais o conflito", disse o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, em declarações no final de uma reunião dos ministros do Comércio da UE, no Luxemburgo.
De acordo com o governante, neste encontro que aconteceu num dia em que as bolsas europeias abriram com acentuadas quedas pelas tensões comerciais transatlânticas, ficou assente "uma grande coesão em torno de todos os Estados-membros [da UE], uma confiança naquilo que tem sido uma transparência e uma forma clara que a Comissão [Europeia] tem tido ao dialogar com os Estados-membros, mantendo-os claramente a par daquilo que é o processo negocial, [...] que é complexo e difícil".
João Rui Ferreira salientou que a UE tem também uma "grande preocupação" em ter "firmeza na negociação" com os Estados Unidos, preparando-se "para eventuais medidas que tenham de ser tomadas" para que a resposta comunitária "não prejudique as economias europeias e os países em particular".
O secretário de Estado da Economia destacou ainda o "grande foco" que a UE deve ter na redução de barreiras no mercado único da UE para o tornar mais competitivo e em "continuar a olhar para aquilo que são as suas parcerias comerciais" com outros blocos, como o Mercosul e a Índia.
Os ministros do Comércio da UE estiveram hoje reunidos, no Luxemburgo, para debater as atuais tensões comerciais, num dia em que as principais bolsas europeias abriram da mesma forma que encerraram na semana passada, com quedas acentuadas pelo receio das consequências da aplicação das tarifas impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
O mercado continua a ser afetado pela entrada em vigor das tarifas impostas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos e pelas medidas de retaliação anunciadas pela China, que podem ser seguidas pelas de outras grandes economias, como a da UE.
À chegada ao encontro no Luxemburgo, o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, criticou a "mudança de paradigma" no comércio mundial com a nova política dos Estados Unidos, marcada pela imposição de novas tarifas, defendendo preparação na UE para os próximos passos.
As novas tarifas de Trump são uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que punem os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais.
No entanto, a maioria dos economistas acredita que as tarifas ameaçam mergulhar a economia numa recessão e, ao mesmo tempo, destruir alianças de décadas.
A União Europeia está a preparar-se para tensões na relação com a nova administração de Donald Trump, especialmente em relação a tarifas comerciais, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a parceria transatlântica.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial na UE.
ANE // CSJ
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