"O jogo tem 90 minutos. Depois do apito é que se sabe qual é o resultado. Evitarmos anunciar resultados antes do tempo, quando se está a jogar 15 minutos, 20 minutos, ou no intervalo, proclamar o vencedor uma equipa" disse Nyusi, que não se recandidata ao cargo nestas eleições, pouco depois de votar, às 07:05 (06:05 em Lisboa), na Escola Secundária Josina Machel, a maior do centro de Maputo.

"Vocês conhecem equipas que viram o resultado à última da hora, então, por isso mesmo, temos de estar todos concentrados e não no sentido de perturbar o processo", apelou ainda.

Com a capital a amanhecer com chuva, que classificou como uma "bênção", Nyusi voltou a apelar à adesão dos eleitores às mesas de voto em todo o país e em nove outros países, pedindo um processo "limpo" e "transparente".

"Que tudo corra como nós, moçambicanos, queremos, para que a nossa democracia ajude ao desenvolvimento do nosso país (...) Pedir também que não haja um grupo de cidadãos a ameaçar os outros, a ameaçar. Que tudo aconteça dentro da paz e da tranquilidade", insistiu.

As mesas de votação nas eleições gerais moçambicanas, que vão escolher um novo Presidente da República, o parlamento e os governadores provinciais começaram a abrir às 07:00 (06:00 em Lisboa) de hoje, com ligeiros atrasos em alguns pontos, e vão funcionar até às 18:00.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) recenseou 17.163.686 eleitores para esta votação, incluindo 333.839 que vão votar em sete países africanos e dois europeus.

As eleições gerais de hoje incluem as sétimas presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Concorrem à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela CNE, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

A votação inclui legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.

Segundo dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) foram credenciados, para acompanhar estas eleições, 11.516 observadores nacionais e 412 observadores internacionais, incluindo Missões de Observação Eleitoral da UE, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), entre outras organizações.

Este processo eleitoral está orçado em 19.933 milhões de meticais (284 milhões de euros), entregues faseadamente pelo Governo, totalizando 72% da verba disponibilizada aos órgãos eleitorais até sexta-feira, segundo informação do STAE.

As eleições contam com mais de 184.500 membros de mesas de voto, distribuídos pelos 154 distritos do país (180.075) e fora do país (4.436).

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