É o primeiro Orçamento de Keir Starmer e o anúncio da maior subida de impostos em 30 anos, na quarta-feira, agitou os mercados. O primeiro-ministro britânico promete, contudo, “reformas” com vista ao crescimento económico – num artigo de opinião publicado este sábado no “Financial Times”, explica que é preciso aumentar a despesa para restaurar os serviços públicos no país. E garante que o seu Governo está empenhado em tornar o Reino Unido um dos melhores lugares do mundo para fazer negócios, num recado para os investidores.

“Embora tenhamos sempre dito que a estabilidade económica é o primeiro passo na nossa missão de crescimento, o Orçamento também abriu a porta para a próxima etapa do nosso plano: as reformas”, começa por escrever Keir Starmer.

Segundo o chefe do Executivo britânico, assim “como não se pode tributar e gastar para chegar à prosperidade, também não se pode simplesmente gastar para chegar a melhores serviços públicos”. “É por isso que a reforma é um pilar essencial da agenda deste governo. Reforma do nosso Estado central em ruínas, a reforma dos nossos serviços públicos e a reforma da nossa economia, com uma agenda moderna do lado da oferta pronta para aproveitar nosso novo clima para investimento”, acrescenta.

O trabalhista sublinha que a rotatividade de chefes do Governo nos últimos anos causou desconfiança aos investidores e consequentes entraves ao crescimento e insiste que só a “estabilidade política” pode atrair mais investidores num contexto internacional cada vez mais volátil.

O investimento é apenas parte da resposta — se queremos que a Grã-Bretanha volte a crescer, precisamos fazer a Grã-Bretanha voltar a funcionar. Estou determinado em fazer tudo para que o Reino Unido mantenha sua posição principal no sector de tecnologia da Europa e seja um destino líder a nível mundial para empreendedores”, argumenta.

Afirmando que tem falado com vários presidentes executivos de empresas sobre os atuais desafios, o PM britânico promete ainda travar “reguladores arrogantes” e um “regime disfuncional” que impedem o país de avançar: “Temos planos ambiciosos para acabar com essas barreiras”, garante.

Sobre os planos da ministra das Finanças, Rachel Reeves, de aumentar os impostos em 40 mil milhões de libras (€48 mil milhões), Starmer considerou que será essencial e defendeu que as escolhas que fez evitaram uma “austeridade devastadora” nos serviços públicos e uma “trajetória desastrosa” para as finanças do país.

"Só se trabalharmos em conjunto com o sector privado podemos promover mudanças - restaurar o Seviço Nacional de Saúde, reconstruir a Grã-Bretanha e cumprir nossa promessa de uma década de renovação nacional", reiterou.

Em agosto, Starmer já tinha avisado que o Orçamento seria “doloroso”, responsablizando o anterior Executivo por um buraco nas contas públicas. Mas garantiu que os mais ricos e empresas “com ombros mais largos” é que seriam mais afetados pela subida da carga fiscal.