"Não é bem um recolher obrigatório, porque circulamos, é uma restrição, uma forma de segurança para podermos manter a vigilância por causa da situação que já tivemos nos anos passados", declarou à emissora pública moçambicana Helena Bandeira, presidente da vila de Mocímboa da Praia.

A medida visa travar "circulações estranhas noturnas" que preocupam as autoridades em Mocímboa da Praia, explicou a autarca.

"Há circulações estranhas noturnas e isso deixa-nos preocupados. São motas e viaturas estranhas que circulam, sobretudo durante a madrugada", acrescentou Helena Bandeira.

Desde o início de agosto, existem relatos de confrontos intensos nas matas do posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, a quase 100 quilómetros de Mocímboa da Praia, envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com referências a tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

A vila costeira, sede do distrito, foi onde grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017. Por muito tempo, o local foi descrito como a "base" dos rebeldes.

Após meses nas mãos de rebeldes, Mocímboa da Praia foi saqueada e quase todas as infraestruturas públicas e privadas foram destruídas, bem como os sistemas de energia, água, comunicações e hospitais.

Após os primeiros sinais de estabilização da segurança, nos últimos anos, foi também um dos pontos prioritários para recuperação de infraestruturas.

Na altura, as autoridades estimaram que cerca de 62 mil pessoas abandonaram a vila costeira devido ao conflito, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das ações rebeldes, em junho de 2020.

Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural, em Afungi, Palma, liderado pela TotalEnergies.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

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