A União Europeia (UE) negou, esta terça-feira, as alegações sobre um eventual apoio ao exército do Ruanda para reprimir manifestações em Maputo, sublinhando que estas estão apenas presentes em Cabo Delgado e alertando contra a desinformação.

A UE, em comunicado, "refuta em absoluto as graves e infundadas alegações de que está a financiam o exército ruandês em Moçambique para reprimir violentamente os protestos em Maputo".

O serviço de diplomacia do bloco reitera ainda que as forças armadas do Ruanda estão apenas presentes, com o apoio da UE, em Cabo Delgado, província no norte de Moçambique, onde se têm registado ataques terroristas.

A UE alerta ainda contra a campanha de disseminação de informação falsa.

O que se passa em Moçambique

A capital moçambicana tem sido palco de confrontos na sequência do anúncio, em 24 de outubro, da vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição para Presidente da República de 9 de outubro, com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 7 de novembro.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Mondlane tem liderado a contestação aos resultados das eleições gerais, com protestos realizados em 21, 24 e 25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos dez mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

Além de Mondlane, também o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, e um dos quatro candidatos presidenciais, disse não reconhecer os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.

Também o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".