O político ultranacionalista israelita Itamar Ben-Gvir retomou o cargo de ministro da Segurança Interna, após o seu partido Poder Judaico (Tkuma) ter regressado ao governo liderado por Benjamin Netanyahu.

A nomeação de Ben-Gvir foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Ministros na noite de terça-feira, apesar da oposição da procuradora-geral Gali Baharav-Miara, que questionou anteriormente a sua adequação para o cargo.

Acusando Ben-Gvir de interferir indevidamente nas operações policiais e de politizar o trabalho policial, Baharav-Miara pediu em novembro passado ao primeiro-ministro que reconsiderasse a sua nomeação.

Em resposta, Netanyahu classificou o pedido da procuradora-geral como uma "tentativa de golpe" e pediu a sua demissão imediata, alegando que as suas ações foram politicamente motivadas.

O regresso de Ben-Gvir ao governo de Netanyahu surge numa altura em que o primeiro-ministro enfrenta críticas pela demissão do chefe do serviço de informações interno, Ronen Bar, o que gerou protestos em Jerusalém e Telavive.

A ala ultranacionalista e religiosa do governo de Netanyahu fica reforçada com o regresso de Ben-Gvir ao gabinete, num momento crítico e com implicações significativas para a política interna de Israel e para a dinâmica do conflito na Faixa de Gaza.

Israel lançou na terça-feira uma onda de ataques contra a Faixa de Gaza, pondo fim ao acordo de cessar-fogo.

Os ataques, já condenados pela generalidade da comunidade internacional, provocaram a morte de pelo menos 420 palestinianos, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.

Ben-Gvir tinha abandonado o Governo e o cargo de ministro da Segurança Interna a 18 de janeiro, após o executivo de Netanyahu, de coligação, ter aceitado um acordo de cessar-fogo com o Hamas no conflito em Gaza.

O controverso político ocupava um lugar no Gabinete israelita ao lado de outros dois membros do Poder Judaico e contribui com seis deputados para os 68 deputados da coligação no Knesset, o Parlamento israelita.

Na ocasião da demissão, Ben-Gvir classificou o acordo com o Hamas como "imprudente" mas declarou que consideraria voltar ao governo se a guerra recomeçasse após a primeira fase da trégua.

Na terça-feira, o político radical celebrou o regresso de "combates intensos" em Gaza, que considera "o passo correto, moral, ético e justificado para destruir a organização terrorista Hamas e devolver os reféns" israelitas mantidos no território pelo movimento islamita palestiniano.

"Congratulamo-nos com o regresso do Estado de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, à luta intensa", escreveu Ben-Gvir na sua conta no X depois de o exército israelita ter lançado o ataque em vários pontos de Gaza.

O regresso aos bombardeamentos foi explicado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como "uma repressão à organização terrorista Hamas", na sequência da rejeição pelo grupo de duas propostas de mediação apresentadas pelo enviado presidencial dos Estados Unidos para implementar a segunda fase do acordo de cessar-fogo.

A primeira fase terminou a 02 de março sem acordo para avançar para uma fase que incluiria um cessar-fogo definitivo.

As negociações sobre a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza "só terão lugar sob fogo, a partir de agora", afirmou Netanyahu, considerando que a pressão militar "é essencial" para garantir o regresso dos israelitas sequestrados em 07 de outubro de 2023.