O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira a suspensão por 90 dias das tarifas recíprocas impostas no início do mês. A China não só não foi incluída na lista, como ainda viu as tarifas crescerem para os 125%.

Na Truth Social, Trump refere que o aumento acontecesse devido à falta de respeito que a China demonstrou perante os mercados mundiais". Isto acontece horas depois de Pequim anunciar uma taxa adicional de retaliação de 50% sobre as importações vindas dos Estados Unidos, a juntar às tarifas de 34% anteriormente anunciadas, atingindo um total de 84%.

Por outro lado, o presidente norte-americano justifica a suspensão das tarifas para mais de 75 países com o facto de estes terem convocado representantes para negociar e não terem retaliado "de forma alguma" contra os Estados Unidos.

Reações começaram a chegar

Na quarta-feira, um porta-voz do primeiro-ministro britânico diz que o Reino Unido vai continuar a negociar um acordo comercial com Washington durante a pausa nas tarifas.

Já o primeiro-ministro da Polónia diz que a manutenção da relação entre a Europa e os Estados Unidos é da responsabilidade de ambos os lados.

Esta quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Vietname saudou a decisão e disse que pausa nas tarifas são um passo positivo.

“Consideramos que a decisão dos EUA de manter a sua tarifa recíproca em vários países, incluindo o Vietname, é um passo positivo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Pham Thu Hang, numa conferência de imprensa regular.

Suspensão das tarifas são "alívio para a economia mundial"

O primeiro-ministro canadiano reagiu à decisão, dizendo que a suspensão representa um “alívio para a economia mundial”. Nas redes sociais, Mark Carney garantiu que as negociações com os EUA devem começar daqui a menos de três semanas, após as eleições no Canadá

“Como parte do anúncio de hoje, o Presidente assinalou que os EUA encetarão negociações bilaterais com uma série de outros países. É provável que tal resulte numa reestruturação fundamental do sistema comercial mundial. Neste contexto, o Canadá deve também continuar a aprofundar as suas relações com parceiros comerciais que partilham os nossos valores, incluindo a troca livre e aberta de bens, serviços e ideias”, escreveu.

Von der Leyen espera economia mais estável

Ursula von der Leyen, saudou o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender temporariamente as novas tarifas recíprocas como as aplicadas à União Europeia (UE), esperando a estabilização da economia mundial.

"Congratulo-me com o anúncio do Presidente Trump de suspender as tarifas recíprocas. Trata-se de um passo importante para estabilizar a economia mundial. Condições claras e previsíveis são essenciais para o funcionamento do comércio e das cadeias de abastecimento", reagiu a líder do executivo comunitário numa declaração hoje publicada.

Para a presidente da Comissão Europeia, "as tarifas são impostos que só prejudicam as empresas e os consumidores", pelo que Bruxelas "continua empenhada em negociações construtivas" com Washington, tendo já proposto, sem sucesso, um acordo pautal zero entre a União Europeia e os Estados Unidos.

A ambição é, de acordo com Ursula von der Leyen, conseguir trocas comerciais "sem atritos e mutuamente benéficas".

Taiwan espera que trégua dos EUA dê mais espaço para negociar

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan disse que a suspensão temporária vai permitir conversações "detalhadas e aprofundadas" sobre as relações comerciais entre Taipé e Washington.

"Com os 90 dias adicionais, temos agora mais tempo para conduzir discussões detalhadas e aprofundadas sobre a cooperação económica e comercial entre Taiwan e os Estados Unidos", disse Lin Chia-lung, citado pela agência de notícias taiwanesa CNA.

O responsável sublinhou ainda a importância de as negociações se basearem nos princípios da "reciprocidade e da justiça" e salientou que, com a nova política comercial de Trump, as relações entre Taipé e Washington "poderão aprofundar-se ainda mais".

"Os EUA tomaram nota da mensagem de Taiwan e responderam, e os pormenores e métodos das negociações serão desenvolvidos através dos mecanismos bilaterais existentes", disse Lin.

O ministro dos Assuntos Económicos de Taiwan, Kuo Jyh-huei, confirmou que o apoio às pequenas e médias empresas da ilha vai continuar, apesar da suspensão temporária das "tarifas recíprocas".

Hong Kong acusa os Estados Unidos de 'bullying' face à subida das tarifas

Num comunicado divulgado na quarta-feira à noite, um porta-voz do Governo de Hong Kong disse que as medidas anunciadas horas antes pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, "são 'bullying' e irracionais".

As autoridades manifestaram "forte desaprovação e descontentamento" não só com a subida das tarifas, mas também com o fim da isenção de taxas alfandegárias para pequenos pacotes enviados por correio, que entrará em vigor em 02 de maio.

"Para enviar artigos para os Estados Unidos, o público em Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes devido aos atos irracionais e intimidantes" de Washington, lamentou o Governo da cidade.

Os Correios de Hong Kong não irão ajudar os Estados Unidos a cobrar qualquer tarifa, mas o comunicado alertou que poderá haver, mais tarde, uma "suspensão temporária" dos serviços postais para os Estados Unidos.

"Os EUA já não defendem o comércio livre, minando arbitrariamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), estabelecidas em conjunto pela comunidade internacional, prejudicando gravemente o sistema multilateral de comércio e o processo de globalização, e interrompendo a cadeia de abastecimento global", lamentou o porta-voz do Governo de Hong Kong.

O comunicado recordou que o território "nunca implementou qualquer tarifa", pelo que a imposição de taxas, descritas por Trump como recíprocas, "é totalmente ilógica e infundada, demonstrando plenamente que é um ato de intimidação para suprimir os seus concorrentes".

- Com Lusa