Mais de uma centena de bombeiros sapadores em protesto chegaram, perto das 11:00 desta segunda-feira, à Assembleia da República onde deixaram presentes de Natal após percorrerem Lisboa a pé ao som de cânticos natalícios.

Em frente ao Parlamento, havia duas linhas de polícias, uma no topo da escadaria do Palácio de São Bento e outra junto às grades ao fundo da escadaria.

O protesto começou pelas 9:00, no Terreiro do Paço, em Lisboa, e os manifestantes, cerca de 300, quase todos com barretes pretos de pai-natal e camisolas negras com a inscrição "sem risco" "#sapadores em luta", fizeram uma marcha de protesto até ao Parlamento.

Ao passarem na Câmara Municipal de Lisboa deixaram alguns presentes de Natal com os motivos para o protesto, nomeadamente a necessidade de disponibilidade permanente e a atribuição de um subsídio de risco de 50 euros.

Ao som de canções de Natal amplificadas por um megafone, interrompidas de vez em quando com gritos de 'sapadores em luta', seguiram até à Praça Luís de Camões, onde cantaram "A Todos um Bom Natal" e gritaram "Sapadores".

De seguida, ainda naquele largo no Chiado, ajoelharam-se num minuto de silêncio em homenagem aos bombeiros que morreram no cumprimento das suas funções.

Acompanhados das famílias e de algumas crianças e seguidos de perto por polícias em carros e motos, os bombeiros pararam ainda no quartel dos sapadores na Avenida Dom Carlos I para cumprimentarem os colegas de serviço.

"Vamos lá resolver isto"

Paulo Carvalho, bombeiro sapador do regimento do Porto, diz à SIC que o protesto que decorreu durante a manhã desta segunda-feira foi “simbólico e não contou com a presença de sindicatos.

“É uma coisa espontânea da nossa família , dos 3.000 sapadores bombeiros portugueses.”

A marcha pela capital teve como intuito, de acordo com o profissional, fazer um apelo “aos governantes e ao primeiro-ministro" para que considerem as exigências da classe.

Aponta que pretendem que o “Governo volte a sentar-se na mesa das negociações” e menciona que os sapadores bombeiros “estão numa condição de pobreza”:

“Se continuarmos com esta situação, vamos entrar numa situação de sem-abrigo. Vamos lá resolver isto de uma vez por todas, vamos lá deixar-nos de ‘ birrices ’ e vamos lá resolver a situação destes profissionais, que bem me recem porque todos os dias salvam, protegem e estão ao dispor dos portugueses.”

Os bombeiros sapadores estão em protesto para exigir a valorização da carreira, que dizem não ser revista há mais de 20 anos, e o aumento de subsídios como o de risco.

No início do mês, o executivo suspendeu as negociações com a classe, acusando os bombeiros de estarem a fazer pressão ilegítima, após um protesto que incluiu petardos, tochas e fumos junto à sede do Governo.

Os sapadores são funcionários das autarquias, mas a sua carreira é regulada pelo poder central, o que acrescenta complexidade às negociações.

O Governo tem insistido que não existem condições para voltar à mesa de negociações, recusando discutir com o sindicato sob coação e perante o que classificou de comportamentos ilegais.

O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS)agendou uma greve nacional a 15 de janeiro e uma manifestação para junto da Assembleia da República.

Será também dia de greve aos serviços não urgentes ou emergentes de saúde e Proteção Civil.

Com Lusa