
Carlinhos, ex-jogador de Beira-Mar, Aves, Boavista, Portimonense e Belenenses, afirmou, em entrevista ao podcast Geralpod, que, enquanto estava no campeonato português, não se juntou ao FC Porto porque os jogadores eram obrigados a tomar doping.
«Percebi que em Portugal se dá muito valor à palavra. Na altura, ia para o Boavista. O presidente do FC Porto veio falar comigo com o treinador, era José Maria Pedroto, e acertei um contrato de palavra com o Porto para três anos», começou por explicar o antigo médio, que, em seguida, contou o momento em que decidiu que não rumaria aos dragões. «Fui tomar o pequeno-almoço com o Celso [jogador do FC Porto entre 1985 e 1990] e ele disse-me 'Porcaria, lá tomamos uma injeção e o pessoal fica três noites sem dormir'. Fiquei maluco. Ele diz que jogava e ficava com os olhos abertos. Era tipo um doping, uma bomba, que não acusava nos testes. Fiquei com aquilo na cabeça», explicou Carlinhos.
O antigo jogador prosseguiu com a hipótese de problemas a longo prazo para quem, alegadamente, tomava essas substâncias. «Os que jogaram no FC Porto, aos 60 anos, vão embora. O Fernando Gomes, Bota de Ouro, morreu. A longo prazo, afeta. Acredito muito que Deus cuida de nós. E nesse momento acredito que Ele me protegeu. Nunca tomei nada. E o Artur Jorge, que assumiu o clube, sabia que eu não tomava nada, trabalhava que nem um condenado», completou.
Carlinhos também deixou rasgados elogios aos treinadores portugueses, em especial ao «mestre» Artur Jorge e elogiou Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, um dos treinadores portugueses que foram para o Brasil «mostrar como se trabalha o futebol».
«Foi lá que apanhei os melhores treinadores da minha carreira. Trabalham demais em Portugal. E graças a Deus estão a vir para o Brasil mostrar como se trabalha o futebol. O Abel chegou aqui e deu tudo. Aquela equipa técnica trabalha muito. Esse Artur Jorge [campeão do último Brasileirão com o Botafogo] pensei que era o filho do Artur Jorge, que foi o meu pai no futebol português. Foi campeão de Portugal, da Europa e do Mundo. Falava nove idiomas e mandava no futebol português. Era o meu pai. Um mestre.»