À glória olímpica seguiu-se a expectativa para os Mundiais. Sem Iúri Leitão, num momento de menor fulgor de forma depois das duas medalhas em Paris 2024, o madison português em Ballerup, na Dinamarca, era um espelho: a Rui Oliveira juntou-se o irmão gémeo, Ivo, uma dupla também habituada a estas andanças e que até foi vice-campeã europeia na disciplina em 2020.
Face a muitas das melhores duplas mundiais, inclusive os medalhados de prata (Itália) e bronze (Dinamarca), que se apresentaram com os mesmos elementos de Paris, a dupla Rui e Ivo desde cedo mereceu o respeito dos demais e ficou muito perto de voltar a trazer medalhas para Portugal: tudo se decidiu no último sprint, no final das longas 200 voltas da prova. Ainda com hipóteses de chegar ao bronze, Portugal atacou, mas a resposta da Bélgica e da Dinamarca, que defendiam prata e bronze, deixou Rui e Ivo a apenas seis pontos do pódio. A Alemanha foi campeã mundial, com 76 pontos.
A dupla portuguesa foi a primeira a mexer na prova, atacando antes do 4.º sprint para dar uma volta ao pelotão e garantir a vitória no sprint. Os 25 pontos deixaram Rui e Ivo na frente, mas logo a Alemanha deu mostras de ser a dupla mais forte. No final das primeiras 100 voltas, a meio da prova, Portugal estava na posição de prata.
A segunda metade da prova viu a Bélgica, os Países Baixos e a Dinamarca juntarem-se à luta pelo pódio. À falta de 50 voltas para o final, Portugal parecia num momento de indefinição, até surgir novo ataque dos gémeos, sem grande resposta dos rivais. Portugal somou mais 20 pontos da dobragem e cinco do sprint, colocando-se de novo em posição de pódio.
Nos sprints finais Portugal não conseguiria pontuar, com a Dinamarca, a competir em casa, a recolher pontos importantes que lhe permitiram trocar novamente com a dupla nacional. A tentativa final de Ivo e Rui por pouco não desfazia a troca, mas no derradeiro esforço, no último sprint, os dinamarqueses conseguiram mesmo defender a sua posição.
Ainda assim, o ciclismo de pista português deu mais uma mostra de enorme qualidade, cheirando de novo a glória, agora com atores diferentes: há profundidade nesta seleção masculina, que teve ainda Diogo Narciso em bom plano na estreia, com um 4.º lugar na corrida de eliminação, um 7.º na corrida por pontos e um 10.º no scratch. Já Rui Oliveira havia sido 6.º no omnium, tal como Ivo Oliveira na perseguição individual.