A administração da Trust in News (TiN) "dará uma resposta direta aos diversos ultimatos, muito em breve" e os salários em atraso de setembro serão liquidados na terça-feira, segundo um 'mail' enviado aos trabalhadores a que a Lusa teve acesso. Num 'mail' enviado à Comissão de Trabalhadores e delegados sindicais, a administração da TiN diz que "tomou boa nota do comunicado e das reivindicações aprovadas [hoje] em plenário, registando com agrado a emergência de novos Conselhos de Redação".

Os trabalhadores apelaram nesta segunda-feira ao apoio de toda a sociedade, incluindo de potenciais investidores, a ajudar a preservar os títulos de informação relevantes e a garantir os postos de trabalho. Na missiva, a administração liderada por Luís Delgado adianta que "tem feito todos os esforços para manter em dia os salários e subsídios de todos os trabalhadores, algo que, infelizmente, ainda não conseguiu cumprir integralmente".

Os salários em atraso de setembro --- "num total de 10 em 150 --- deverão ser liquidados amanhã [terça-feira], momento em que terá início o pagamento relativo a outubro", refere a administração, adiantando que "esta situação, que se prolonga há demasiado tempo, é lamentável" e "as dificuldades têm sido ainda maiores no que toca aos subsídios".

Contudo, "a administração nunca deixou de informar os representantes escolhidos pelos trabalhadores, nas suas várias capacidades, sobre a situação que tem causado esta perturbação, mantendo reuniões regulares, todos os meses, por vezes até mais do que uma vez". A administração "sempre assumiu a responsabilidade por aquilo que não conseguiu realizar ou, de forma transparente, pelo que decidiu não fazer, nunca por incúria, e muito menos por irresponsabilidade".

Até porque a "administração sempre exigiu --- e continua a exigir --- total e completa responsabilidade a quem concebe, cria, escreve e publica as revistas, que registam quedas contínuas, de 2018 a 2024, nas vendas em banca, na publicidade, nas assinaturas e outras receitas, incluindo as digitais", prossegue a dona da Visão, entre outros títulos. "Há, sempre houve, independentemente das condições, um declínio profundo e insustentável de todas as publicações, justificações há muitas, mas receitas poucas", salienta.

A administração de uma empresa de media "não pode, nem deve imiscuir-se nos produtos editoriais, mesmo quando reconhece um declínio contínuo e permanente, sobretudo em períodos em que todos os recursos estavam disponíveis, como, de certa forma, continuam a estar".

Recorda que, em 1 de janeiro de 2018, a administração "deixou claro" que "não era adepta de instabilidade interna, mudanças frequentes nas equipas de chefia, despedimentos coletivos ou encerramento de revistas". A todo o momento, "as direções editoriais e transversais tiveram acesso aos números e indicadores de desempenho dos órgãos de comunicação social (OCS) da empresa".

Em fevereiro, a administração "mostrou esses números acumulados, de 2018 a 2024, a todas as equipas, incluindo a TiN no geral, e cada publicação em particular", lê-se no 'mail' enviado aos órgãos representativos dos trabalhadores.

A administração "dará uma resposta direta aos diversos ultimatos, muito em breve" e "aproveitará igualmente para voltar a divulgar, se necessário publicamente, o desempenho dos principais OCS da TiN e o seu impacto nesta situação profundamente lamentável", conclui.

A TiN, que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 5 de novembro, tendo em 12 de novembro a administração anunciado a sua intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo já a convocação de uma assembleia de credores para apresentação e fundamentação de um plano de recuperação.